Na história da sétima arte, existem algumas empreitadas que foram muito buriladas, planejadas e comentadas - mas que, por um ou outro motivo, não vingaram. Em alguns casos, fãs e cinéfilos dos mais variados lamentam a não realização dessas obras, algumas com grande potencial para serem fantásticas ou revolucionárias. Em outros casos, talvez tenha sido melhor mesmo que não fossem para frente... seja pelos egos e complexidade das personas envolvidas, seja pelo absurdo que os projetos aparentemente beiravam em seus conceitos originais. Vejamos aqui alguns casos famosos:
- DRÁCULA, de Ken Russel
Essa adaptação do famigerado cineasta britânico, responsável por obras extravagantes e "fora da casinha", como o musical Tommy (1975, inspirado no álbum do The Who), e Viagens Alucinantes (1980), estava prevista apara acontecer em 1977, e teria o excêntrico Peter O'Toole (de Lawrence da Arábia) no papel do vampirão, e Sarah Miles como sua eterna paixão Mina, mas numa abordagem mais moderninha, transposta para o início do século XX, em que ela seria uma cantora de ópera acometida da leucemia e que, diante do seu encontro com o senhor das trevas, acharia até bacana a ideia de entrar no mundo dos hematófagos, para se tornar uma imortal e assim salvar sua pele... Dados os delírios visuais que Russel gostava de imprimir em suas películas, mais esse enredo bem subvertido da história original, a coisa ia ficar muito doida mesmo. O projeto foi abandonado depois que o estúdio da Columbia Pictures ficou sabendo que uma produção com o mesmo personagem já estava sendo conduzida pela Universal Pictures, com o prestigiado Frank Langella no papel principal, e seguindo os moldes clássicos da obra. Com receio de tentar competir com o outro filme, e perder para o outro "padrão" mais conservador, a Columbia desistiu da ideia de Ken Russel, e o projeto foi abortado, mesmo com o roteiro já pronto e uma boa parte do elenco contratada.
O 'Drácula' de Ken Russel seria descartado mediante a versão lançada em 1978, com Frank Langella
- SUPERMAN, de Tim Burton, com Nicholas Cage
Essa já entrou para o terreno das lendas urbanas e virtuais, e todo mundo imagina a loucura que ia ser: Cage (que sempre proclamou ser vidrado no Homem de Aço) vestindo capa e cuequinha vermelha, sob a batuta de ninguém menos que Tim Burton. Testes de figurino e elenco foram realizados, fotos disso tudo já foram espalhadas por anos na internet, bem como rascunhos do roteiro original. Só que não vingou, era 1997 e a Warner Bros ficou com medo de embarcar em uma nova releitura do herói, depois do fiasco da última aventura lançada nos cinemas, ainda com Christopher Reeve (Superman IV, 1987). Estavam também numa fase de apostar mais no Batman, após o sucesso da série cinematográfica do morcegão que o próprio Burton havia iniciado em 1989. O mais amargo de tudo isso é que Cage lamentou o fracasso da inciativa, ficou na vontade, e ainda teria o desgosto de ver uma versão malfeita sua, dessa tentativa de filme, produzida em CGI tosco, em uma das mais constrangedoras cenas do malfadado filme do Flash, lançado recentemente, em 2023.
O Superman de Nicholas Cage em dois momentos: acima, nos testes de tela e figurinos originalmente feitos em 1997. A seguir, a deprimente e tosca reprodução em CGI, para o filme The Flash (2023)
- O SENHOR DOS ANÉIS, by The Beatles
Cartaz produzido por fãs de como seria o "Senhor dos Anéis" dos Beatles:
George seria Gandalf, Paul e Ringo encarnariam Frodo e Sam, e Lennon ficaria como o Gollum! Direção a cargo do mestre Stanley Kubrick
Essa pertenceu ao terreno da lenda durante muito tempo, mas já foi confirmada em algumas biografias do grupo, e mais recentemente, pelo próprio diretor dos filmes épicos da obra, que bateram recordes de bilheteria e ganharam Oscars entre 2001 e 2003 - o renomado Peter Jackson. Foi durante os trabalhos de restauração dele das filmagens da banda em 2022, para o projeto documental Get Back e do filme original Let it Be, de 1970. Devido aos rumores, o próprio diz que sempre teve muita curiosidade de saber o que havia realmente ocorrido na época, e aproveitou a oportunidade para questionar diretamente Paul McCartney. Jackson conta: "Apesar de não se lembrar bem de alguns detalhes, Paul disse que eles realmente tinham a intenção de filmar uma versão musical de Lord of the Rings, após receberem cópias dos livros, para lerem durante o retiro espiritual que fizeram na Índia em 1968, com o Maharishi". O grande problema é que o grupo não obteve a autorização do autor da obra, J.R.R. Tolkien, que torceu a cara para a ideia de ver um grupo pop adaptando a sua obra-prima - ele detestava rock e toda a cultura jovem da época. O que muitos não sabem é que os Beatles, naquele período, ainda estavam presos a um contrato com a United Artists para a produção de mais um último filme, após os sucessos avassaladores de Os Reis do Iê-Iê-Iê (A Hard Day's Night, 1964) e Socorro (Help!, 1965), mas o grupo se sentia pressionado a isso justamente em meio à grande crise que enfrentavam, com a morte do empresário Brian Epstein, a perda dos rumos da banda em novos projetos, e as pesadas críticas em cima de um outro filme, feito por eles em formato mais "experimental" como um especial para a TV inglesa em 1967, o Magical Mistery Tour. A banda se encontrava em um momento tão atribulado de sua carreira (e que logo acabaria conduzindo ao seu término, dentro de dois anos), que eles simplesmente respiraram aliviados quando concluíram pela ideia de simplesmente produzir um desenho animado com as figuras e as músicas deles, como forma de quitar o contrato (Yellow Submarine, de 1968), e então a ideia de "O Senhor dos Anéis" foi totalmente deixada de lado. Detalhe: para o projeto original do filme, os rapazes de Liverpool simplesmente pensavam em contratar ninguém menos que Stanley Kubrick para a direção.
O psicodélico desenho animado dos Beatles, Yellow Submarine (1968), feito só para quitar contrato
- LARANJA MECÂNICA, by The Rolling Stones
Os Rolling Stones
Mais uma vez o nome de Kubrick estaria envolvido em um projeto cinematográfico mirabolante de banda de rock, mas agora as coisas terminariam um pouco diferentes - ele conseguiria fazer o filme, mas sem nenhum roqueiro. As ideias iniciais para envolver os Rolling Stones em uma versão para as telas do famoso e polêmico romance Clockwork Orange, de Anthony Burgess, datam ainda de 1965, quando o empresário deles na época, Andrew Loog Oldham, leu e ficou obcecado pelo livro, paixão essa que logo ele passaria também para os integrantes do grupo, tentando coagi-los de que já era momento de expandirem suas carreiras para o cinema, seguindo justamente o exemplo do que os Beatles vinham fazendo (lembra-se da famigerada história de competição entre as duas bandas?). Na verdade, nenhum dos rapazes do grupo ficou muito interessado na proposta, a não ser o vocalista Mick Jagger - que desde essa época, já tinha ambições maiores e pretensões de adentrar a sétima arte. A primeira tentativa não deu certo, pois não conseguiram os direitos da obra, que Burgess já havia vendido. Dois anos depois, em 1967, ocorre uma nova tentativa - mas foi o ano em que a banda, incluindo Jagger e os guitarristas Keith Richards e Brian Jones estavam tão enrolados em problemas com a justiça britânica (por conta das batidas policiais e prisões por porte de drogas que sofreram), e atuar justamente como a gangue de marginais presente na história do livro pegaria tão mal perante a opinião pública, que o assunto foi simplesmente deixado de lado. Em 1970, quando o projeto enfim foi cair no colo de Stanley Kubrick, nenhum dos Stones sequer cogitava mais incursões como estrelas de cinema, a não ser um ainda obcecado Jagger, que já tinha filmado Performance (de Nicholas Roeg, 1969), e estava às voltas com um faroeste obscuro, Ned Kelly, que ele protagonizaria naquele ano. O grande problema é que, apesar de surgir até mesmo uma carta escrita de próprio punho por Jagger, se oferecendo para atuar no filme, Kubrick não tinha muito interesse nele como ator, e não confiava em suas poucas habilidades dramáticas para o papel principal do delinquente Alex DeLarge. Assim sendo, o papel ficou com o excelente Malcolm McDowell, e o filme foi lançado em 1971 conforme idealizado por Kubrick, sem nenhum rolling stone nele - mas se tornando uma de suas maiores obras-primas, e causando tanto alvoroço na mídia quanto os shows dos Stones, na época.
Mick Jagger, e ao lado, Alex DeLarge (desempenhado por Malcolm McDowell), o papel que ele tanto queria - imagine um no lugar do outro. Possível?
- NAPOLEÃO, de Stanley Kubrick
Na internet, fãs e admiradores tentam imaginar como seria o Napoleão de Kubrick, vivido por Jack Nicholson (aqui em trajes típicos, no antigo filme de 1963, "Sombras do Terror")
Kubrick, envolvido em tantos projetos que deram e outros que não deram certo, acabou com o estigma de ser o diretor do "melhor filme jamais feito", e que já adquiriu uma aura mítica ao longo dos anos: nunca saberemos quão fantástica e grande seria a sua tão falada versão de Napoleão, história do ditador francês pela qual ele era obcecado, e que já gerou até livros sobre o tema, reunindo todo o espetacular material literário, fotográfico e de arquivo que Kubrick reuniu durante anos, autêntico pesquisador que era, para utilizar em suas filmagens. Assim que lançou o clássico 2001 - Uma Odisséia no Espaço (1968), Kubrick já pretendia se dedicar ao projeto. Interrupções e imprevistos de diversas ordens (incluindo as recusas dos estúdios em arcar com o orçamento astronômico que Kubrick exigia) foram frustrando seus planos, até que em 1975 ele aproveitou uma grande parte do que já tinha planejado e filmou Barry Lyndon, história baseada em livro de William Makepeace Thackeray e ambientada na Europa, num período próximo ao do império napoleônico. Mas sabemos que o mestre Kubrick já tinha pelo menos ideia para algumas das figuras do elenco: Jack Nicholson, com quem ele posteriormente trabalharia em O Iluminado (The Shining, 1980) era um dos cotados para viver o imperador francês.
Barry Lyndon (1975)
- KILL BILL 3, de Quentin Tarantino
Após um longo hiato em que o diretor Quentin Tarantino e a atriz Uma Thurman não estiveram muito bem um com o outro - por conta de um ruidoso episódio, durante as filmagens de Kill Bill vol. 2 (2004) em que ela se acidentou de carro, por uma negligência de cuidados dele - eles fizeram as pazes, e ele chegou a cogitar que teria ideias para a realização de um terceiro filme da saga da "Noiva", em que o ciclo de vingança perpetrado por ela seria reiniciado, com novos personagens ligados à antiga gangue de Bill. Thurman também considerou a possibilidade de interpretar novamente a personagem, e especuladores de Hollywood alegam que um esboço de roteiro chegou a ser escrito por Tarantino. Entretanto, o seu envolvimento em outros projetos que despertaram mais o seu interesse, aliado à sua promessa de encerrar a carreira após 10 obras de sua autoria, soterraram de vez as possibilidades de realização desse que poderia ser um belo filme.
- KALEIDOSCOPE, de Alfred Hitchcock
O lendário filme de psicopata serial killer que o mestre do suspense tinha a intenção de realizar, em 1967, e com o qual ele pretendia se reconciliar com o público e crítica, visto que seus filmes mais recentes - Marnie (1964) e Cortina Rasgada (1966) - não haviam sido bem recebidos, e ele vinha sendo apontado como um cineasta em franca decadência. Uma vez que a temática do assassino psicótico era algo que já havia regalado a ele um dos seus maiores êxitos (o clássico Psicose, de 1960), agora ele planejava voltar a essa ambiência, com a narrativa de um fisiculturista de Nova Iorque, que perseguia mulheres e tinha uma fixação por executá-las perto de rios e lagoas (a água como elemento próximo do sangue e morte - referência da icônica cena de chuveiro de Psicose?). A polícia, sem conseguir maiores pistas para prender o assassino, passa a usar uma policial à paisana como isca para atrai-lo. Não chegou a ocorrer pré-produção e nem contratação de ninguém para o elenco, apenas algumas cenas de teste foram rodadas com atores e atrizes iniciantes contratados (footage), para servirem de modelo e apreciação junto com o script inicial do projeto, apresentado a uma audiência de executivos da Universal Studios - mas após a reunião, os produtores do estúdio ficaram chocados. Não foi dada carta verde para Hitchcock seguir adiante, pois acharam que o plot do filme sugeria uma atmosfera "macabra" e com um estilo muito cru e agressivo, não convencional das produções do cineasta - seria um autêntico precursor dos filmes brutais de slasher. Se em obras anteriores, Hitchcock costumava apenas sugerir a violência, pelo que se via nas cenas de teste de Kaleidoscope, o cineasta iria exagerar nas cenas de nudez e sangue explícito, no realismo impresso em cada tomada de assassinatos e esquartejamentos, em um nível que ainda não era imaginado na época. Assim, o projeto foi abandonado - mas elementos dele seriam reaproveitados no filme dele Frenesi, de 1972, também envolvendo um maníaco, mas com menos violência, um roteiro mais contido, e ambientado em Londres. O engraçado é que, imediatamente após o cancelamento do projeto de Hithcock para este filme, por volta do final dos anos 60, a febre dos giallo - os filmes no estilo slasher, com serial killers e cenas sangrentas - passaria a proliferar na Itália, com o sucesso de produções extremamente parecidas com o que Hitchcock estava pensando em fazer.
Cenas footage que fizeram parte do projeto de Kaleidoscope, de Alfred Hitchcock - precursor frustrado dos filmes estilo slasher, de 1967
- DOM QUIXOTE, de Terry Gilliam
Podemos dizer que a história desse projeto, que na verdade acabou conseguindo sim ser filmado (não como seria originalmente, e devido a inacreditáveis e numerosos contratempos), é um exemplo de obstinação e resistência de um homem e sua arte - o incansável Terry Gilliam.
Acima: o guerreiro Terry Gilliam, em foto recente. Abaixo, jovem, ele está mais à esquerda, com os seus companheiros do grupo Monty Python, na década de 70.
Gilliam foi um dos membros mais prolíficos da célebre trupe britânica de humor Monty Python - além de atuar, era o responsável por aquelas adoráveis sequências de animação absurdas e rasteiras dos clássicos Em Busca do Cálice Sagrado (1974) e A Vida de Brian (1979). Depois que se afastou do grupo, ele firmou uma sólida carreira de cineasta, com títulos marcantes e elogiados, como Bandidos do Tempo (1981) e Brazil - O Filme (1985), em que faz uma versão altamente absurda e pessoal da obra máxima sobre autoritarismo de George Orwell, 1984. Mas o grande sonho de Gilliam, um apaixonado por literatura desde sempre, era filmar o lendário romance de Miguel de Cervantes, Dom Quixote. Em 1999, depois de muitos esforços para captar recursos e conseguir os direitos de filmagem da obra, Gilliam começaria um calvário de praticamente 3 décadas para conseguir seu intento: com locações em Madri, e elenco contando com Johnny Depp, Vanessa Paradis e Jean Rocheford, ele inicia a empreitada. Mas durante todo o ano seguinte de 2000, diversos problemas parecem condenar o diretor a não prosseguir com o projeto - desde Rochefort caindo doente e abandonando a produção, até uma tempestade que destrói todos os cenários, passando por problemas diversos com o elenco e liberação de mais verbas. Em 2002, cansado de passar quase dois anos lutando para reunir toda a equipe para filmar novamente, Gilliam lança parte do material que tem na forma de um documentário, chamado Perdido em La Mancha. Mais 3 anos se passariam e uma nova tentativa de filmar o material original, com Johnny Depp, ocorre em 2005 - mas é forçado a parar as filmagens, pois o uso dos direitos da obra haviam ficado com a produtora anterior. Mais atrasos. Chega 2008, e quando Gilliam consegue reaver os direitos, descobre que Depp não estará mais disponível, pois já havia sido contratado para atuar na série "Piratas do Caribe". Chama Ewan McGregor (de Transpotting e Star Wars) para o seu lugar. Mas descobre que perdeu o financiamento do filme. O dinheiro acaba. De novo as filmagens param... Por volta de 2014, Gilliam consegue um novo aporte de verbas para voltar a filmar. A essa altura, o roteiro já mudou, a história está toda diferente, e o lendário ator britânico John Hurt é contratado para ser o novo Dom Quixote. Mas logo ele descobre que está com câncer, adoece, e abandona o projeto para se tratar (morreria em 2017).
Gilliam e Johnny Depp no set de filmagens da versão original de Dom Quixote (2000).
Resultado: em 2019, o filme que finalmente chegaria nos cinemas, com o título já mudado para O Homem que Matou Dom Quixote, é uma história muito diferente, com mudanças no roteiro, e um outro enfoque para aquilo que o pobre Terry Gilliam originalmente projetava para a obra. Nos papéis que seriam de Johnny Depp e Jean Rochefort, estão Adam Driver e Jonathan Pryce, e o filme afinal consegue moderada recepção nos festivais de cinema ao redor do mundo.
Adam Driver e Jonathan Pryce, em O Homem que Matou Dom Quixote (2019).
- LENINGRADO, de Sergio Leone
Algum tempo depois do lançamento de seu último filme, Era Uma Vez na América (1984) - que não era um faroeste, mas sim um longo e clássico filme sobre máfia e gangsters - o mestre dos spaghetti westerns Sergio Leone se preparava para filmar um épico que ele tinha em sua mente, e que seria o seu primeiro filme dentro do gênero "guerra": Leningrado, uma mega produção sobre a invasão de Leningrado pelas tropas nazistas de Hitler, na Segunda Guerra Mundial, e que seria protagonizado por Robert DeNiro. Havia uma previsão de 100 milhões de dólares para o orçamento da produção, e Leone lutava pela captação desses recursos com estúdios e produtoras da época, quando em 30 de abril de 1989, um infarto cessou sua vida e, consequentemente, todos os seus planos.
Robert DeNiro, em Era Uma Vez na América (1984)
- THE CONQUEST OF MEXICO, de Werner Herzog
Nos dizeres do próprio Herzog, o cineasta alemão de obras viscerais como Aguirre, a Cólera dos Deuses (1972), e Fitzcarraldo (1982), esse filme, caso tivesse sido feito na época de sua concepção (início dos anos 1990), seria a sua mais ambiciosa e cara produção, pois só para as grandiosas cenas de batalha que ele tinha em mente, seriam gastos muitos milhões de dólares. O roteiro original de Herzog estava todo pronto, e versa sobre o mítico episódio da conquista do império asteca no Mexico, e sua capital (Tenochtitlan), pelo aventureiro Hernán Cortez (o "Cortez, the Killer", retratado na belíssima canção de Neil Young em 1975). Assim como em diversas outras empreitadas abandonadas no caminho, o problema crucial para Conquest of Mexico era a captação de recursos para a realização de um épico de tal porte, tão denso e que demandaria uma reconstituição de época bem aprimorada. Para os fãs da obra de Herzog, surgiu recentemente um consolo: se não foi possível ver o filme, pelo menos podem lê-lo e concebê-lo mentalmente, em todas as suas nuanças, pois todo o roteiro original criado por Herzog foi lançado na forma de um magistral livro, "Mexico: The Aztec Account of Conquest", de autoria do próprio.
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