quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

GRANDES MOMENTOS DO PENSAMENTO HUMANO

 

Atravessamos um momento no qual, devido a alterações na interface política das grandes nações, o império das big techs acentua cada vez mais o seu poder sobre a comunicação e o pensamento humanos, com Musk, Zuckerberg e companhia ilimitada colando bonito em Donald Trump, e o inevitável avanço das I.A. (inteligências artificiais), que se torna uma realidade, tão admirável quanto assustadora.

Nesse panorama onde se desenha uma nova ordem mundial, em que o "raciocínio" das máquinas provavelmente atingirá dimensões inimagináveis, influindo cada vez mais na rotina e nos costumes das sociedades, lembremo-nos que, por trás delas (as I.A.), e para que houvesse elas, foi necessário o trabalho engenhoso da inteligência humana. Ora, assim sendo, temos novamente o paradoxo da "criatura/criador", o que em uma visão lógica, nos coloca como sendo, para as máquinas, o que Deus é para nós, correto? Dessa forma, devem a nós a sua existência, e portanto, respeito ao grau de superioridade inerente aos criadores, sendo que criatura se rebelar a ponto que querer superar o criador constitui anomalia existencial, típica de romances como o 'Frankenstein', de Mary Shelley, ou a obra sci-fi 'Blade Runner', do cineasta Ridley Scott (leia mais sobre ele aqui)... Filosofemos, caro(a) leitor(a). Ponto para reflexão.

Mediante tudo isso, é essencial nos lembrarmos do singelo poderio de nossos próprios cérebros, humanos. A perspicácia, o brilho e a complexidade da imaginação e da análise dos seres humanos.

O que temos a demonstrar aqui hoje, como forma de homenagem a esta criatura tão subjugada, menosprezada e esquecida, ultimamente - o ser humano - são autores, pensadores, filósofos, ensaístas, e autênticos investigadores da condição humana que fizeram história e, em poucas palavras, se debruçaram sobre os nossos vícios e virtudes, e as condições ora trágicas, ora cômicas, dessa aventura singela e tão fascinante chamada existência - individual e em sociedade. A seguir, alguns desses grandes momentos do pensamento humano:


"⁠No meu ver o ser humano tem duas saídas para enfrentar o trágico da existência: o sonho e o riso". (Ariano Suassuna)


Ariano Vilar Suassuna
(1924 - 2014) foi um dos nossos maiores intelectuais, filósofos e escritores, autor da famosa obra "Auto da Compadecida" (1955), além de diversos outros romances, contos e escritos, onde desfilava a sua prosa livre e instigante, tão simples quanto rebuscada, calcada na sabedoria raiz do brasileiro nordestino. Aqui, ele nos brinda com esse bálsamo, santo remédio sugerido para enfrentar as durezas da vida.


"A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir". (Arthur Schopenhauer)


Conhecido como o pilar do "pessimismo filosófico", o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788 - 1860) calcou seus pensamentos na crença da inevitabilidade das vontades humanas, que sempre conduzem à perpetuação do sofrimento. Suas críticas ácidas à sociedade e seus costumes formam a base para variadas correntes do pensamento niilista, sendo muito interessante para despertar a visão sobre certos aspectos da irrefreável ganância e cobiça humanas - como bem mostra a citada frase acima dele.



"Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem " (Millôr Fernandes).


Célebre cartunista, humorista, escritor, dramaturgo e jornalista brasileiro, Millôr Fernandes (1923 - 2012) tecia finas e contundentes críticas ao modo de vida e costumes da sociedade - não só da época, mas de hoje também, com uma sagacidade invejável. Aqui, ele desvenda, com ironia letal e em pouquíssimas palavras, a farsa que é construída em torno dos mitos, das pessoas muito populares, lendárias ou endeusadas.



"Nenhuma pessoa tem o poder de ter tudo o que deseja. Mas está em seu poder não querer o que não tem, e fazer bom uso do que tem" (Sêneca)

Lúcio Aneu Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.) foi um advogado, filósofo, escritor e jurisconsulto romano, famoso por ter servido ao imperador Nero, e que deixou uma vasto legado de escritos preciosos, com conselhos e observações sobre as relações de poder e as complexidades da condição humana. Aqui, ele tem um momento iluminado refletindo sobre o livre arbítrio que o ser humano tem em relação a suas ambições - e que oferece um paralelo, de certa forma, à reflexão de Schopenhauer citada anteriormente.




"O indivíduo sempre teve que lutar para não ser dominado pela tribo. Se você tentar, ficará sozinho muitas vezes e às vezes assustado. Mas nenhum preço é alto demais para pagar pelo privilégio de possuir a si mesmo". (Nietzsche)


Friederich Wilhelm Nietzche
(1844 - 1900) foi um dos maiores filósofos de todos os tempos. Nascido na região da Prússia (atual Alemanha), ele foi um dos grandes mentores dos primados sobre a vontade de poder do "eu" e da negação do senso comum e das ideias predominantes - apesar disso ter sido descontextualizado e utilizado de forma errônea por ideólogos nazistas na época de Hitler. Tanto é que nesta frase citada acima se concentra um dos seus maiores legados para as suas teses de transcendentalismo e superação do ser como indivíduo, se sobrepondo a todas as normas dos grupos sociais - numa verdadeira viagem individualista rumo ao conhecimento próprio, íntimo e libertador. Quer atentado maior à filosofia nazista, que pregava a total agregação e subserviência de um rebanho dominado por uma doutrina grupal de autoritarismo?


"Um homem pode ser destruído, mas não derrotado". (Ernest Hemingway)


Desde sempre, um dos maiores no panteão sagrado dos grandes escritores da humanidade. Ernest Miller Hemingway (1899 - 1961) foi prolífico jornalista e escritor, figura de protagonismo nos episódios da Guerra Civil Espanhola (quando fez parte de forças republicanas contra o fascismo) e na revolução socialista de Cuba (que se tornara um segundo lar para ele, em seus anos finais). A escrita ácida, corrosiva, e cheia de paixão de Hemingway, também dava lugar ao lirismo do herói comum, aquela pessoa cujo orgulho e caráter são inegociáveis - dentro desse conceito, ele cunhou tal pensamento, que norteia aquele princípio básico de que o corpo, a matéria do homem, isso pode padecer e acabar - mas as suas ideias, a honra e o altruísmo, não.



"Não há nada mais certo que nossos próprios erros. Vale mais fazer e arrepender, que não fazer e arrepender". (Maquiavel)


Tido como um dos grandes filósofos, diplomatas e historiadores da era moderna, Nicolau Maquiavel (1469 - 1527), nascido na Florença (atualmente, Itália) foi um astuto crítico e observador das relações de poder envolvendo monarcas, papas, e aristocratas de toda a espécie, em seu tempo. Seus estudos sobre o comportamento humano em tais situações se tornou tão racional e profundo, que a sua mais reconhecida obra, o livro 'O Príncipe' (1532) é ainda atual e estudado com afinco por filósofos, sociólogos e juristas de toda ordem, até os dias de hoje. Também como mordaz analista do ego, nos legou esse pensamento vigoroso sobre a importância das tentativas e erros.



"Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes". (Shakespeare)


Além de ter escrito obras-primas da literatura inglesa, como 'Romeu e Julieta', 'MacBeth', 'Rei Lear' e 'Hamlet', William Shakespeare (1564 - 1616) deixa cristalizado o senso de magnitude da cordialidade e fraternidade entre as pessoas, nessa máxima.



"A constância é contrária à natureza, contrária à vida. As únicas pessoas completamente constantes são os mortos". (Aldous Huxley)


Oriundo de uma família pertencente à mais alta elite intelectual britânica, Aldous Leonard Huxley (1894 - 1963) se destacou de seus predecessores como escritor e médico, cujo livro 'Admirável Mundo Novo' (1931), baseado em suas experiências enquanto residente na Itália fascista de Mussolini, foi visionário o suficiente para despertar todas as gerações seguintes acerca dos perigos do autoritarismo, das tecnocracias executoras de manipulação cerebral e dominação das massas. Compartilhou com os leitores as suas aventuras químicas e de expansão da consciência, em outro título antológico que marcou época e fez a cabeça de muitos, 'As Portas da Percepção' (1954), onde mais uma vez reforçava a tese expressa em sua frase acima: o ser é um mundo misterioso em movimento (e desenvolvimento), repleto de desejos e contradições - ou seja, para não ser assim, só estando morto mesmo.


"Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos". (Confúcio)


Talvez o mais antigo pensador aqui citado, o lendário filósofo chinês Confúcio (552 a.C. - 489 a.C.) cunhou inúmeros primados e doutrinações relativas à moral do ser, sua ética, relações sociais e as relevâncias da justiça e da integridade, sendo o fundador do confucionismo - código de valores até hoje muito difundido e executado por muitos povos orientais, tido como autêntica pedra consuetudinária dos saberes e da conduta. Aqui, ele exprime da maneira mais simples possível a receita básica para uma boa convivência com os seus iguais, verdadeiro antídoto contra as frustrações e desilusões - e cada vez menos usado hoje em dia, infelizmente.



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