Até certo tempo atrás, predominava o senso comum de que rock
era música do mal, e que roqueiro era tudo marginal e malandro, um pessoal
revoltado e sem respeito algum pelas convenções sociais. Há controvérsias:
muita gente boa e que se tornou ícone do gênero comprovou, ao longo da carreira,
que não era tão desajustada assim, ainda que ocorressem alguns deslizes – os donos
de vozes poderosas como Elvis Presley e Freddie Mercury tinham seus exageros
pessoais, mas nunca foram de beirar cela de cadeia. Os integrantes originais de
bandas históricas do rock pesado inglês, como Deep Purple e Iron Maiden, também
sempre tentaram se preservar e evitavam desafiar a lei. Os endiabrados da
recém-aposentada banda Kiss, mesmo em sua fase mais agressiva, em que usavam
caras pintadas, sempre preferiram mais as academias de malhação e mulheres
(muitas mulheres), do que outras coisas. E os guitarristas mestres do grupo
pauleira AC/DC, os brothers Malcolm e Angus Young, apesar de terem enfrentado a
morte de um integrante (o vocalista Bon Scott) por overdose de bebidas, pasmem,
nunca suportaram sequer uma gota de álcool, e sempre preferiram tomar belas
taças de achocolatado, antes e depois dos shows...
Apesar disso, tem uma galerinha por aí que andou levando meio
ao pé da letra demais essa história de roqueiro rebelde e marginal. A seguir,
portanto, algumas histórias dignas da série C.S.I. (Crime Scene Investigation):
- CHUCK BERRY E AS MENINAS
Um dos pioneiros do rock and roll, Berry violou o Mann's Act em 1959, uma lei que criminalizava o tráfico interestadual de mulheres menores de idade, com indícios de exploração sexual - ele havia levado uma garota descendente de apaches de 14 anos, Janice Escalante, para trabalhar como recepcionista em um clube do qual ele era sócio, no Missouri. Pegou uma cana braba, que atrapalhou sua carreira, e com um processo legal do qual só se livraria em 1962. Já mais velho, nos anos 90, mais uma vez problemas relacionados a estabelecimentos comerciais do cara: foi acusado de instalar câmeras no banheiro feminino de um restaurante do qual era dono. Investigações da polícia na época ainda resultaram em acusações de que foram encontrados, em sua residência, videotapes íntimos de mulheres, e 62 gramas de maconha. Berry já tinha 64 anos na época, mas ainda pegava fogo no molhado.
- JOHNNY CASH E AS 'DORGA'
Esse era forte, um entra-e-sai de cadeia que custou a cessar. Foram muitos anos de xilindró, e problemas variados com a lei, entre 1958 e 1967, mas geralmente ligados a posse ou influência dos tóxicos: invasão de propriedade privada para roubar flores (!!!), ocultação de anfetaminas sem prescrição na case de sua guitarra durante uma turnê no México, demonstrações de agressividade e violência em público sob efeito de bebidas, direção perigosa, e posse de drogas, diversas vezes. A ficha de Cash era corrida, e muito extensa, até que a cantora e amiga sua de longa data June Carter resolvesse se casar com ele e dar uma sossegada no facho do moço no final dos anos 60.
- BEATLES E O CORRE DAS FILIPINAS
Quem diria, os até bem comportados rapazes de Liverpool também tiveram seus perrengues. Mas, nesse caso, foi uma situação pontual e bem específica em que, eles acabaram desafiando as "leis" de um país - ou seja, esnobaram Imelda Marcos, esposa do ditador das Filipinas em 1966, Ferdinando Marcos, e isso caracterizou uma ofensa a autoridades. Em uma malfadada turnê naquele ano que passou pelo país, o grupo já torceu o nariz para o modo como os Marcos tratavam o povo miserável da capital Manila, e após 2 shows realizados na localidade, acabaram faltando a um jantar com a primeira-dama, devido a severas falhas de comunicação do staff presidencial com o empresário Brian Epstein, e problemas com o cronograma da banda. Assim sendo, foi criada uma campanha de revolta contra a banda por parte da população, e no dia de deixarem o país, os Beatles enfrentaram uma das situações mais tensas de suas carreiras, sendo xingados e hostilizados durante todo o trajeto até o aeroporto. John, Paul, George e Ringo conseguiram sair ilesos, mas Epstein e parte da equipe acabaram sofrendo algumas agressões físicas. Foi um caos tão grande, que o assessor Tony Barrow ainda se lembraria por muitos anos do que o sempre calmo e pacífico George Harrison falaria para ele, já durante o vôo: "Eu só voltaria para um lugar desses se fosse para soltar uma bomba nesse bando de malucos".
- DENNIS WILSON E CHARLES MANSON
Uma das "amizades" mais torpes e lendárias da mitologia pop, o baterista e galã do grupo Beach Boys, Dennis Wilson conheceu o psicótico Charles Manson durante um de seus rolês de carro por Rodeo Drive, em que acabava sempre socializando com as turminhas de hippies que infestavam as ruas de Los Angeles na época (final dos anos 60). Wilson cometeu o grave erro de levar Manson e uma parte de seu grupo - na época, já apelidado por ele de "A Família" - para passar alguns dias em sua casa, e ainda tentou arrumar um contrato de gravação para Manson, que na época era aspirante a cantor e compositor. Talvez o mais arrepiante disso tudo seja o fato de que uma das músicas gravadas pelos Beach Boys em 1968 foi uma "adaptação" (para não falar, uma surrupiada) de uma composição de Charles Manson, "Cease to Exist" - que, na versão lançada pela banda, se tornou "Never Learn to Love". Fato esse que não passou em branco para Manson, e que foi determinante para o fim da amizade dele com o baterista dos Beach Boys: assim que Manson se tocou de que a sua música estava sendo retrabalhada pelo grupo, e que ele não iria afinal conseguir contrato com gravadora nenhuma e nem qualquer outra vantagem, ele foi ter com Wilson, que enrolou ele, falou para que tivesse calma que as coisas ainda iriam "rolar", e pagou 100.000 dólares (uma bela grana na época) para comprar a música e assim obter os seus direitos de composição e uso. Manson fingiu que estava tudo bem e deixou por isso mesmo... apenas para, alguns dias depois, disparar um tiro na casa de Wilson, e começar a enviar mensagens ameaçadoras para o músico. Foi assim que Wilson resolveu cortar todas as relações com Manson e sua turma e sumir do mapa, mudando de endereço. Mas daí em diante a ira de Manson já estava desperta, e para começar a ameaçar outras personalidades artísticas da área, e finalmente planejar e executar o tragicamente célebre massacre envolvendo a atriz Sharon Tate em 1969, foi só um pulo.
- BEATLES E CHARLES MANSON
E então, detalhes macabros da chacina comandada por Charles Manson - sempre lembrando que ele nem pôs a mão na massa nos assassinatos, mas foi o seu artífice diabólico - revelaram uma outra faceta que não era imaginada por muitos, mas se tornou clara com as investigações que seriam realizadas: o cara era simplesmente lunático e obcecado pelas músicas dos Beatles, especialmente as do então recente "Álbum Branco" (1968), e que continham, na interpretação alucinada dele, diversas mensagens secretas a respeito de uma possível terceira guerra mundial, e revolta de classes e raças na história da humanidade. Com o sangue das vítimas executadas, os fanáticos da gangue de Manson escreveram "pigs" nas paredes - clara alusão à canção "Piggies", numa referência a policiais e agentes da lei e do governo. Também foram encontradas as inscrições de "helter skelter" - o mesmo nome de outra música do quarteto de Liverpool também do disco, e que era uma gíria comum para montanha russa na Inglaterra, mas que na mente distorcida de Manson, era a senha para "caos", "revolta" e "destruição", ou seja, tudo que deveria acontecer para que o próprio Charles Manson ascendesse como um novo líder popular e mundial. Outra música do álbum, "Blackbird", representava a população negra, que entraria numa guerra sem precedentes contra os brancos - conflito esse do qual Manson sairia, justamente, como o tal líder de uma nova ordem. Simplesmente insano.
- ROLLING STONES E AS 'DORGA'
- TOMMY JAMES E A MÁFIA
Um dos mais ruidosos e infames episódios sobre o envolvimento entre uma estrela do rock e o mundo do crime é a longa e sinuosa relação que o astro pop americano dos anos 60/70, Tommy James, tinha com o grupo mafioso de Morris "Moshe" Levy - um dos mais perigosos e sanguinários gangsters nova-iorquinos daqueles tempos. Hoje pode estar um pouco esquecido, mas Tommy e sua banda The Shondells saíram de Pittsburgh para o sucesso nacional nos EUA com hits como "Hanky Panky", "Mony, Mony" e a emblemática "Crimson and Clover", um hino psicodélico que embalou muito bailinho da época, e muito disso se deve à força "promocional" e de divulgação de Morris Levy, que era tido como um "chefão" do mundo do entretenimento através de sua Roulette Records. Isso muitas vezes ocorria sob a força de ameaças com tacos de beisebol, facas e armas apontadas para a cabeça de donos de distribuidoras, rádios, e cadeias de lojas de discos. Com suas técnicas de intimidação mafiosa e empresariamento "selvagem", Levy se tornou o "padrinho" e quase que um amigo íntimo de Tommy James, que ele chamava de "garoto de ouro" - de fato, durante um certo período, as suas músicas chegaram a rivalizar com as dos Beatles nas paradas norte-americanas. Com o tempo, entretanto, Tommy passou a ser também investigado por autoridades policiais estaduais e federais, por conta de seu envolvimento com o "capo", e apesar de nada contra ele nunca ter sido oficializado pela Justiça, alguns detalhes do relacionamento entre ele e Levy começaram a azedar, pois a carreira e os ganhos de Tommy ocorriam do modo que Levy, com sua mão-de-ferro, idealizava que devessem ocorrer. "Quando eu perguntava sobre o lucro de uma determinada turnê, ou os royalties por uma gravação de sucesso, Levy simplesmente arrancava um bolo de notas de seu casaco, me entregava e dizia: vá se divertir, garoto! Tome uns drinques e saia com alguma daquelas gostosas de Las Vegas". Ou seja, Tommy nunca sabia o quanto realmente estava faturando, e nem como poderia preparar projetos futuros. Isso ocorreu até o final da década de 70, quando o bonde do sucesso já havia passado para o cantor e sua banda, e já entrando em uma fase de ostracismo, ele finalmente conseguiu romper com o seu empresário mafioso. Morris Levy encarou inúmeros processos criminais da justiça norte-americana e investigações do FBI, durante toda a década de 80, por suas ligações com execuções e outras famílias da máfia, mas não chegou a ser preso - quando teve uma condenação finalmente emitida contra ele, já estava doente, e faleceu de câncer, em 20 de maio de 1990.
- KEITH MOON E HOTÉIS
Essa treta é folclórica: por ser um dos caras mais insanos que já existiu na história da música, o baterista do The Who, o lendário Keith Moon, tinha um certo problema com hotéis, muitas vezes depredando quartos, suítes, salões, ou mesmo o estabelecimento inteiro, praticamente. Talvez o episódio mais emblemático tenha ocorrido durante uma festa de aniversário do músico, em 1967, durante turnê pelos EUA - eles haviam acabado de dar um show em Flint, no estado de Michigan, e partiram com uma trupe de outros músicos e amigos para o Holiday Inn, da famosa cadeia de hotéis americanos, onde ficariam hospedados. Keith havia recebido da Premier Drum Company (empresa da marca de baterias que ele usava naquela turnê), como presente, dois grandes bolos de aniversário, no formato de baterias empilhadas umas sobre as outras. O que era para ter começado como uma inocente homenagem ao baterista, com o pessoal cantando parabéns e começando a se deliciar com os bolos, logo se transformou numa festa selvagem, com bebidas rolando e strippers começando a aparecer seminuas por todo o salão de jantar do hotel, enquanto uma ruidosa bagunça comandada por Keith tinha início com uma daquelas famosas "guerras de bolo" que vemos nos filmes. Em exatamente cinco minutos o salão todo já estava com pedaços de bolo espatifados e pessoas cobertas por massa e creme gritando e rindo para tudo quanto era lado. Não é preciso dizer que logo o gerente do hotel apareceu irado, e começou a esbravejar com todos que aquilo tinha que parar. A reação de Keith foi a pior possível: ele pegou algumas garrafas das caixas e mais caixas de cerveja que os presentes já haviam tomado, começou a quebrar e atirar na piscina. De repente, alguém enlouquecido, grita: "Ei Keith, seu louco! Agora como que a gente vai entrar na piscina para tomar um banho, cara! Você encheu ela toda de cacos!". Ao que Keith sabiamente retrucou: "Ora, essa! Vou te mostrar um jeito que a gente entra na piscina protegido então!". E ocorreu a mitológica cena: Keith correu até o pátio cheio de carros do hotel, que ficava de frente para o salão. Ele pegou o primeiro Lincoln Continental mais novinho que estava no local, com a chave na ignição. Ele deu partida e pisou no acelerador feito um doido... E lá se foi, arrebentando grades, vidraças e tudo, e indo parar com o carro dentro da enorme piscina do hotel. Apesar do nível de perturbação do momento, com o carro já submerso na piscina, Keith ainda teve a presença de espírito de prender a respiração e conseguir abrir a porta do veículo para sair, sem se afogar. Para todos que estavam ali naquela noite, é notória a garantia de que assistiram a uma das cenas mais absurdas de suas vidas, algo digno de filme mesmo. Para os policiais chamados para levar e acalmar Keith na delegacia, pode-se dizer que foi uma das ocorrências mais caóticas já registradas no valoroso estado norte-americano de Michigan.
- STEVEN TYLER E AS 'DORGA'
- JIMI HENDRIX E AS 'DORGA'
- JIM MORRISON E OS TUMULTOS
- ROLLING STONES E O ASSASSINATO
Eternos 'bad boys', os Stones se meteram mais uma vez em encrenca ao terem a brilhante ideia de deixar a segurança daquele que estava previsto para ser um dos seus mais apoteóticos shows, com a gangue sanguinária de motoqueiros Hell's Angels - uma verdadeira instituição norte-americana da pancadaria. Como eles cobravam pelo serviço, basicamente, com caixas de cerveja e combustível para suas motos, os Stones acharam que seria uma boa economia de gastos para o show, e toparam. O evento seria gratuito, como um grande agradecimento da banda aos fãs dos EUA, e ocorreria no circuito desativado de automobilismo de Altamont, no norte da Califórnia, em 6 de dezembro de 1969. Promovido como uma 'resposta' dos Rolling Stones ao concerto de Woodstock, o famigerado evento seria um mini festival, que contaria também com apresentações de bandas amigas dos Stones, como Jefferson Airplane, Ike & Tina Turner, e Flying Burrito Brothers (de Gram Parsons). No dia em que o show começou, já na primeira apresentação o clima ficou tenso e se mostraria um prenúncio do que estava para acontecer - o Jefferson Airplane sobe ao palco e começa a e apresentar para uma audiência que estava chapada demais e sofrendo 'bad trips' demais, ao passo que os Hell's Angels perdem a paciência com as doideiras e papos de alguns na plateia, e já começam seu festival de bordoadas. Um dos integrantes do Airplane, Marty Balin, reclama no microfone da violência dos Hell's Angels, pedindo para que parem... e logo em seguida é agarrado por um deles e leva porrada também, no meio do show! A sequência de eventos até o show dos Stones, no começo da noite, foi se tornando tão sufocante e caótica, que alguns dos organizadores chegaram a perguntar a membros da banda se não seria melhor parar ali mesmo e cancelar tudo. Com o receio de que isso pudesse provocar mais animosidade, tanto na plateia quanto nos Angels, eles resolveram prosseguir. E então, durante a apresentação dos Stones - morna, tensa, e parando quase toda hora para que Mick Jagger inutilmente clamasse por "paz" à plateia e seguranças - ocorre o auge da selvageria: Meredith Hunter, negro, e supostamente portando um revólver, foi golpeado com facadas nas costas por Alan Passaro, um dos membros dos Hell's Angels mais próximo. "Under My Thumb" estava rolando no palco, enquanto estava rolando morte na plateia. Tudo foi captado com detalhes pelas câmeras dos Maysles Brothers, que estavam filmando o concerto para o documentário Gimme Shelter, que seria lançado no ano seguinte. Ali, a carreira dos Stones ficou cingida, em antes e depois de Altamont. E a própria história do rock também: a inocência da fase hippie tinha acabado ali, não existia mais a utopia da geração paz e amor de Woodstock, o mundo não era flores, e a sordidez e agressividade presentes na máquina de dinheiro da indústria de música pop e rock se tornou mais clara e evidente.
- LED ZEPPELIN E A PIRATARIA
Nenhum membro do Led Zeppelin foi preso durante a trajetória da banda, pelo que se tem notícia, e apesar também das estripulias e farras exageradas na época de suas megalomaníacas turnês, que entraram para o terreno da lenda. Mas o rotundo e gigantesco empresário deles, Peter Grant - uma figura tão agressiva e ameaçadora, que o simples olhar dele já intimidava jornalistas e outros artistas - promoveu uma campanha brutal e violenta contra comerciantes e pequenos vendedores que aproveitavam a passagem da banda nos EUA, para faturar com itens clandestinos e não autorizados com a marca do grupo (bonés, chaveiros, camisetas e outros itens de souvenir, bem como discos e fitas com gravações piratas de shows). Grant e sua equipe foram indiciados várias vezes por agressões, e até mesmo tentativas de homicídio. Um episódio muito polêmico também envolve o sumiço de uma grande quantia em dinheiro do cofre de um dos escritórios da banda nos EUA, em 1973, cujo valor exato e circunstâncias a respeito nunca foram esclarecidos - mas era algo na casa dos milhões de dólares. E a série de evasivas de Grant a respeito do assunto acabaram despertando inúmeras suspeitas ao longo dos anos, que vão desde um "furto forjado" pela banda, para impedir cobranças por parte dos pesados impostos de renda ingleses, até uma apropriação ilegal do próprio Peter Grant, que teria ficado com a grana. De qualquer forma, é um mistério que ele levou para o túmulo - Grant faleceria em 1995.
- JERRY LEE LEWIS E A INVASÃO
- DAVID BOWIE E AS 'DORGA'
- DAVID CROSBY - 'DORGA', CARROS E ARMAS
- ARTHUR LEE - 'DORGA', CARROS E ARMAS
Líder do lendário grupo Love, com o qual lançou em 1967 um dos mais aclamados álbuns de todos os tempos, o épico Forever Changes, Lee desfez a banda ainda naquela época, e depois foi tentando voltar com várias novas formações, mas nunca mais teve o mesmo sucesso de antes. Inteligente, mas exótico e excêntrico como poucos, ele foi considerado o primeiro "hippie negro" de sua época. Ao longo dos anos 70, foi cada vez mais afundando no ostracismo, e a partir da década de 80, Lee começou a se envolver em episódios cada vez mais sinistros, de uso de drogas, condução perigosa de veículos, e até mesmo tentativas de assalto, conforme reportavam alguns tabloides. Em 1996, Lee é preso, após pessoas alegarem que ele havia enlouquecido e estava dando tiros para o alto, em um estabelecimento comercial de Los Angeles - ele seria sentenciado a 12 anos de prisão. Durante todo o restante de sua vida, ele negaria as acusações, afirmando que haviam "armado" um flagrante para ele - e de fato, em 2001, quando ele foi solto por bom comportamento e cumprimento de parte da pena, a corte de apelações do Estado da Califórnia considerou que houve má conduta do promotor que administrou o caso de Lee na época, e que havia sido comprovada falta de indícios por ausência de resíduos de pólvora e reconhecimento das digitais de Lee na arma apreendida. Lee passaria mais alguns anos vivo, e mesmo tendo sido diagnosticado com leucemia (que acabou o levando, em 2006), ele foi elevado ao status de mito, e ainda teve tempo de reviver glórias passadas com alguns concertos de celebração das gravações de Forever Changes, com nova banda, orquestra e músicos amigos, em shows realizados entre 2003 e 2005, nos EUA e Europa.
- PAUL McCARTNEY E A 'ERVA'
O ex-beatle nunca escondeu sua predileção pela "maria joana", e chegou a confessar, depois de muitos anos, que a célebre canção "Got to Get You Into My Life", composta e lançada ainda na época dos Beatles, era uma ode à folha doce. O grande problema foi quando isso causou um sufoco do qual Paul custou a se safar, resultante na famosa prisão dele no Japão por porte de maconha, prestes a começar uma turnê asiática, em 1980. Não muito preocupado com as advertências já passadas, de que não era recomendável tentar burlar a detalhista alfândega japonesa (conselho seguido pelos músicos de sua banda na época, os Wings), Paul camuflou um pacote com 218 gramas da erva em uma de suas jaquetas, na mala. Na hora da revista, a surpresa de um dos agentes - que era, inclusive, fã de Paul! "Na hora em que ele tirou aquilo da mala, ele estava mais constrangido do que eu", disse depois o músico. Paul ficou detido por dez dias, que, caso a sua defesa (constituída pelo advogado John Eastman, seu cunhado) não tivesse agido rapidamente, poderiam ter se transformado em sete anos de prisão, com a caracterização de tráfico de drogas - apesar da pequena quantidade, para o Japão qualquer coisa acima de 100 gramas já pode ser considerada para fins de tráfico. Ele só seria solto após uma forte intervenção da embaixada britânica no Japão, e com as justificativas de que o réu confessara o seu arrependimento pelo ato, e que mediante a sua fama e repercussão pelo mundo, já teria sofrido uma "punição social" condizente. Curiosidades: Paul ficou confinado em Kosuge, penitenciária de Tóquio com alguns dos mais perigosos traficantes presos do país, o que conferia a Paul o "sentimento" de ser um deles; durante sua estadia, ele solicitou um violão, pois alguns companheiros de cela ficavam pedindo durante a noite que ele cantasse "Yesterday" e outras músicas, mas o pedido foi negado pela administração do presídio; e a dieta vegetariana do cantor foi respeitada, além de terem concedido a ele algumas regalias, como roupas limpas, comida sempre quente e bons cobertores, além de um chuveiro privado para o banho - mas ele preferiu usar o comunitário, em respeito aos demais presos.
- PHIL SPECTOR E O ASSASSINATO
Menções 'desonrosas':
- SID VICIOUS
- OZZY OSBOURNE
- AXL ROSE
- KURT COBAIN
- O CASO DOS GRUPOS MAYHEM E BURZUM
Para terminar, não poderíamos deixar de falar de uma das mais horrendas e malignas tretas do black metal norueguês, envolvendo os membros dos projetos Burzum - Varg Vikernes, e Mayhem - Øystein "Euronymous" Aarseth, em 1993, após desenvolverem uma amizade psicótica e marcada pela competição entre ambos. Apesar de inicialmente terem contribuído um com o outro em suas bandas, Vikernes aparentemente entrou em uma onda de piração com filosofias ocultistas nórdicas de culto ao bode preto, e começou a participar de incêndios a igrejas locais, além de diversos outros atos de vandalismo e agressão. Em 10 de agosto de 1993, ele assassinaria Euronymous na casa do mesmo, de forma ritualística e com requintes de crueldade, tirando fotos de partes do corpo do guitarrista e de todo o sangue no local, para pretensamente utiliza-las em um de seus próximos lançamentos. Ele cumpriu 15 anos de prisão pelo crime, mas o pior de tudo, foi solto desde então em liberdade condicional, e hoje mantém diversos sites e projetos em torno de temáticas polêmicas, como o neonazismo, a extrema direita e a superioridade racial. Toda a história do caso Mayhem X Burzum está fielmente retratada no filme de 2018, Lords of Chaos.
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