domingo, 25 de agosto de 2024

"CSI ROCK": ROQUEIROS E CRIMES, UMA RELAÇÃO DELICADA...

 

Até certo tempo atrás, predominava o senso comum de que rock era música do mal, e que roqueiro era tudo marginal e malandro, um pessoal revoltado e sem respeito algum pelas convenções sociais. Há controvérsias: muita gente boa e que se tornou ícone do gênero comprovou, ao longo da carreira, que não era tão desajustada assim, ainda que ocorressem alguns deslizes – os donos de vozes poderosas como Elvis Presley e Freddie Mercury tinham seus exageros pessoais, mas nunca foram de beirar cela de cadeia. Os integrantes originais de bandas históricas do rock pesado inglês, como Deep Purple e Iron Maiden, também sempre tentaram se preservar e evitavam desafiar a lei. Os endiabrados da recém-aposentada banda Kiss, mesmo em sua fase mais agressiva, em que usavam caras pintadas, sempre preferiram mais as academias de malhação e mulheres (muitas mulheres), do que outras coisas. E os guitarristas mestres do grupo pauleira AC/DC, os brothers Malcolm e Angus Young, apesar de terem enfrentado a morte de um integrante (o vocalista Bon Scott) por overdose de bebidas, pasmem, nunca suportaram sequer uma gota de álcool, e sempre preferiram tomar belas taças de achocolatado, antes e depois dos shows...

Apesar disso, tem uma galerinha por aí que andou levando meio ao pé da letra demais essa história de roqueiro rebelde e marginal. A seguir, portanto, algumas histórias dignas da série C.S.I. (Crime Scene Investigation):


- CHUCK BERRY E AS MENINAS

Um dos pioneiros do rock and roll, Berry violou o Mann's Act em 1959, uma lei que criminalizava o tráfico interestadual de mulheres menores de idade, com indícios de exploração sexual - ele havia levado uma garota descendente de apaches de 14 anos, Janice Escalante, para trabalhar como recepcionista em um clube do qual ele era sócio, no Missouri. Pegou uma cana braba, que atrapalhou sua carreira, e com um processo legal do qual só se livraria em 1962. Já mais velho, nos anos 90, mais uma vez problemas relacionados a estabelecimentos comerciais do cara: foi acusado de instalar câmeras no banheiro feminino de um restaurante do qual era dono. Investigações da polícia na época ainda resultaram em acusações de que foram encontrados, em sua residência, videotapes íntimos de mulheres, e 62 gramas de maconha. Berry já tinha 64 anos na época, mas ainda pegava fogo no molhado.



- JOHNNY CASH E AS 'DORGA'

Esse era forte, um entra-e-sai de cadeia que custou a cessar. Foram muitos anos de xilindró, e problemas variados com a lei, entre 1958 e 1967, mas geralmente ligados a posse ou influência dos tóxicos: invasão de propriedade privada para roubar flores (!!!), ocultação de anfetaminas sem prescrição na case de sua guitarra durante uma turnê no México, demonstrações de agressividade e violência em público sob efeito de bebidas, direção perigosa, e posse de drogas, diversas vezes. A ficha de Cash era corrida, e muito extensa, até que a cantora e amiga sua de longa data June Carter resolvesse se casar com ele e dar uma sossegada no facho do moço no final dos anos 60.


- BEATLES E O CORRE DAS FILIPINAS

Quem diria, os até bem comportados rapazes de Liverpool também tiveram seus perrengues. Mas, nesse caso, foi uma situação pontual e bem específica em que, eles acabaram desafiando as "leis" de um país - ou seja, esnobaram Imelda Marcos, esposa do ditador das Filipinas em 1966, Ferdinando Marcos, e isso caracterizou uma ofensa a autoridades. Em uma malfadada turnê naquele ano que passou pelo país, o grupo já torceu o nariz para o modo como os Marcos tratavam o povo miserável da capital Manila, e após 2 shows realizados na localidade, acabaram faltando a um jantar com a primeira-dama, devido a severas falhas de comunicação do staff presidencial com o empresário Brian Epstein, e problemas com o cronograma da banda. Assim sendo, foi criada uma campanha de revolta contra a banda por parte da população, e no dia de deixarem o país, os Beatles enfrentaram uma das situações mais tensas de suas carreiras, sendo xingados e hostilizados durante todo o trajeto até o aeroporto. John, Paul, George e Ringo conseguiram sair ilesos, mas Epstein e parte da equipe acabaram sofrendo algumas agressões físicas. Foi um caos tão grande, que o assessor Tony Barrow ainda se lembraria por muitos anos do que o sempre calmo e pacífico George Harrison falaria para ele, já durante o vôo: "Eu só voltaria para um lugar desses se fosse para soltar uma bomba nesse bando de malucos".


- DENNIS WILSON E CHARLES MANSON

Uma das "amizades" mais torpes e lendárias da mitologia pop, o baterista e galã do grupo Beach Boys, Dennis Wilson conheceu o psicótico Charles Manson durante um de seus rolês de carro por Rodeo Drive, em que acabava sempre socializando com as turminhas de hippies que infestavam as ruas de Los Angeles na época (final dos anos 60). Wilson cometeu o grave erro de levar Manson e uma parte de seu grupo - na época, já apelidado por ele de "A  Família" - para passar alguns dias em sua casa, e ainda tentou arrumar um contrato de gravação para Manson, que na época era aspirante a cantor e compositor. Talvez o mais arrepiante disso tudo seja o fato de que uma das músicas gravadas pelos Beach Boys em 1968 foi uma "adaptação" (para não falar, uma surrupiada) de uma composição de Charles Manson, "Cease to Exist" - que, na versão lançada pela banda, se tornou "Never Learn to Love". Fato esse que não passou em branco para Manson, e que foi determinante para o fim da amizade dele com o baterista dos Beach Boys: assim que Manson se tocou de que a sua música estava sendo retrabalhada pelo grupo, e que ele não iria afinal conseguir contrato com gravadora nenhuma e nem qualquer outra vantagem, ele foi ter com Wilson, que enrolou ele, falou para que tivesse calma que as coisas ainda iriam "rolar", e pagou 100.000 dólares (uma bela grana na época) para comprar a música e assim obter os seus direitos de composição e uso. Manson fingiu que estava tudo bem e deixou por isso mesmo... apenas para, alguns dias depois, disparar um tiro na casa de Wilson, e começar a enviar mensagens ameaçadoras para o músico. Foi assim que Wilson resolveu cortar todas as relações com Manson e sua turma e sumir do mapa, mudando de endereço. Mas daí em diante a ira de Manson já estava desperta, e para começar a ameaçar outras personalidades artísticas da área, e finalmente planejar e executar o tragicamente célebre massacre envolvendo a atriz Sharon Tate em 1969, foi só um pulo.

Algumas das garotinhas da 'family' de Charles Manson


Os Beach Boys com 'Never Learn to Love' (1969), num show de TV - a canção surrupiada de Manson


- BEATLES E CHARLES MANSON

E então, detalhes macabros da chacina comandada por Charles Manson - sempre lembrando que ele nem pôs a mão na massa nos assassinatos, mas foi o seu artífice diabólico - revelaram uma outra faceta que não era imaginada por muitos, mas se tornou clara com as investigações que seriam realizadas: o cara era simplesmente lunático e obcecado pelas músicas dos Beatles, especialmente as do então recente "Álbum Branco" (1968), e que continham, na interpretação alucinada dele, diversas mensagens secretas a respeito de uma possível terceira guerra mundial, e revolta de classes e raças na história da humanidade. Com o sangue das vítimas executadas, os fanáticos da gangue de Manson escreveram "pigs" nas paredes - clara alusão à canção "Piggies", numa referência a policiais e agentes da lei e do governo. Também foram encontradas as inscrições de "helter skelter" - o mesmo nome de outra música do quarteto de Liverpool também do disco, e que era uma gíria comum para montanha russa na Inglaterra, mas que na mente distorcida de Manson, era a senha para "caos", "revolta" e "destruição", ou seja, tudo que deveria acontecer para que o próprio Charles Manson ascendesse como um novo líder popular e mundial. Outra música do álbum, "Blackbird", representava a população negra, que entraria numa guerra sem precedentes contra os brancos - conflito esse do qual Manson sairia, justamente, como o tal líder de uma nova ordem. Simplesmente insano.


- ROLLING STONES E AS 'DORGA'

A zica com a questão "entorpecentes" passou a fazer constante parte da vida dos Stones desde o polêmico ano de 1967, quando eles acabaram enfrentando prisões como resultado de uma perseguição maciça comandada por um polêmico sargento-detetive da polícia britânica, Norman Pilcher, que se tornaria famoso na época por, em conjunto com um grupo de tablóides e jornalecos da imprensa marrom inglesa, promover uma campanha de "criminalização" de vários roqueiros britânicos - membros dos Beatles, Small Faces, e o cantor Donovan também foram vigiados e investigados por Pilcher na época. A ironia de tudo é que, três anos depois, Pilcher seria expulso da corporação por ato de desonra, em decorrência de corrupção e atividades ilícitas... Em fevereiro daquele ano, Mick Jagger e Keith Richards sofreram uma batida das equipes de Pilcher na casa de Richards em Redlands, e foram indiciados por posse e uso de maconha, haxixe e anfetaminas. Em maio do mesmo ano, seria a vez do guitarrista Brian Jones, preso também por posse e uso de maconha em seu próprio apartamento. E então começaria um vai-e-vem nos tribunais... Em 1968, Jones seria preso mais uma vez pelo mesmo motivo, e também Jagger e sua então namorada, a cantora Marianne Faithful. E de 1972 até 1976, o "pé na jaca" com resultado xadrez seria primazia do guitarrista Keith Richards, com diversas passagens a partir da época das gravações do álbum Exile on Main Street, até a fatídica turnê no Canadá, em que ele quase foi classificado como traficante pela polícia do país, e quase foi expulso da banda, como consequência - passando a dar uma sossegada a partir de então.


- TOMMY JAMES E A MÁFIA

Um dos mais ruidosos e infames episódios sobre o envolvimento entre uma estrela do rock e o mundo do crime é a longa e sinuosa relação que o astro pop americano dos anos 60/70, Tommy James, tinha com o grupo mafioso de Morris "Moshe" Levy - um dos mais perigosos e sanguinários gangsters nova-iorquinos daqueles tempos. Hoje pode estar um pouco esquecido, mas Tommy e sua banda The Shondells saíram de Pittsburgh para o sucesso nacional nos EUA com hits como "Hanky Panky", "Mony, Mony" e a emblemática "Crimson and Clover", um hino psicodélico que embalou muito bailinho da época, e muito disso se deve à força "promocional" e de divulgação de Morris Levy, que era tido como um "chefão" do mundo do entretenimento através de sua Roulette Records. Isso muitas vezes ocorria sob a força de ameaças com tacos de beisebol, facas e armas apontadas para a cabeça de donos de distribuidoras, rádios, e cadeias de lojas de discos. Com suas técnicas de intimidação mafiosa e empresariamento "selvagem", Levy se tornou o "padrinho" e quase que um amigo íntimo de Tommy James, que ele chamava de "garoto de ouro" - de fato, durante um certo período, as suas músicas chegaram a rivalizar com as dos Beatles nas paradas norte-americanas.  Com o tempo, entretanto, Tommy passou a ser também investigado por autoridades policiais estaduais e federais, por conta de seu envolvimento com o "capo", e apesar de nada contra ele nunca ter sido oficializado pela Justiça, alguns detalhes do relacionamento entre ele e Levy começaram a azedar, pois a carreira e os ganhos de Tommy ocorriam do modo que Levy, com sua mão-de-ferro, idealizava que devessem ocorrer. "Quando eu perguntava sobre o lucro de uma determinada turnê, ou os royalties por uma gravação de sucesso, Levy simplesmente arrancava um bolo de notas de seu casaco, me entregava e dizia: vá se divertir, garoto! Tome uns drinques e saia com alguma daquelas gostosas de Las Vegas". Ou seja, Tommy nunca sabia o quanto realmente estava faturando, e nem como poderia preparar projetos futuros. Isso ocorreu até o final da década de 70, quando o bonde do sucesso já havia passado para o cantor e sua banda, e já entrando em uma fase de ostracismo, ele finalmente conseguiu romper com o seu empresário mafioso. Morris Levy encarou inúmeros processos criminais da justiça norte-americana e investigações do FBI, durante toda a década de 80, por suas ligações com execuções e outras famílias da máfia, mas não chegou a ser preso - quando teve uma condenação finalmente emitida contra ele, já estava doente, e faleceu de câncer, em 20 de maio de 1990.

'Crimson and Clover' (1968), maior sucesso do Tommy James & the Shondells


- KEITH MOON E HOTÉIS

Essa treta é folclórica: por ser um dos caras mais insanos que já existiu na história da música, o baterista do The Who, o lendário Keith Moon, tinha um certo problema com hotéis, muitas vezes depredando quartos, suítes, salões, ou mesmo o estabelecimento inteiro, praticamente. Talvez o episódio mais emblemático tenha ocorrido durante uma festa de aniversário do músico, em 1967, durante turnê pelos EUA - eles haviam acabado de dar um show em Flint, no estado de Michigan, e partiram com uma trupe de outros músicos e amigos para o Holiday Inn, da famosa cadeia de hotéis americanos, onde ficariam hospedados. Keith havia recebido da Premier Drum Company (empresa da marca de baterias que ele usava naquela turnê), como presente, dois grandes bolos de aniversário, no formato de baterias empilhadas umas sobre as outras. O que era para ter começado como uma inocente homenagem ao baterista, com o pessoal cantando parabéns e começando a se deliciar com os bolos, logo se transformou numa festa selvagem, com bebidas rolando e strippers começando a aparecer seminuas por todo o salão de jantar do hotel, enquanto uma ruidosa bagunça comandada por Keith tinha início com uma daquelas famosas "guerras de bolo" que vemos nos filmes. Em exatamente cinco minutos o salão todo já estava com pedaços de bolo espatifados e pessoas cobertas por massa e creme gritando e rindo para tudo quanto era lado. Não é preciso dizer que logo o gerente do hotel apareceu irado, e começou a esbravejar com todos que aquilo tinha que parar. A reação de Keith foi a pior possível: ele pegou algumas garrafas das caixas e mais caixas de cerveja que os presentes já haviam tomado, começou a quebrar e atirar na piscina. De repente, alguém enlouquecido, grita: "Ei Keith, seu louco! Agora como que a gente vai entrar na piscina para tomar um banho, cara! Você encheu ela toda de cacos!". Ao que Keith sabiamente retrucou: "Ora, essa! Vou te mostrar um jeito que a gente entra na piscina protegido então!". E ocorreu a mitológica cena: Keith correu até o pátio cheio de carros do hotel, que ficava de frente para o salão. Ele pegou o primeiro Lincoln Continental mais novinho que estava no local, com a chave na ignição. Ele deu partida e pisou no acelerador feito um doido... E lá se foi, arrebentando grades, vidraças e tudo, e indo parar com o carro dentro da enorme piscina do hotel. Apesar do nível de perturbação do momento, com o carro já submerso na piscina, Keith ainda teve a presença de espírito de prender a respiração e conseguir abrir a porta do veículo para sair, sem se afogar. Para todos que estavam ali naquela noite, é notória a garantia de que assistiram a uma das cenas mais absurdas de suas vidas, algo digno de filme mesmo. Para os policiais chamados para levar e acalmar Keith na delegacia, pode-se dizer que foi uma das ocorrências mais caóticas já registradas no valoroso estado norte-americano de Michigan.



- STEVEN TYLER E AS 'DORGA'

Muito se fala sobre o grupo Aerosmith, em determinado ponto da carreira deles nos anos 70, ter consumido e cheirado o equivalente a toda a economia da Colômbia, em apenas um mês. Mas se isso ocorreu, era necessário um precedente: eis aí o garoto Steven Tyler, novinho, aos 19 anos em 1967, após uma prisão por posse de haxixe e marijuana da pesada. 


- JIMI HENDRIX E AS 'DORGA'

Apesar de algumas outras ocorrências em anos anteriores, devido a tumultos em shows e até mesmo quebra-quebra em quarto de hotel (após um desentendimento com o baixista de sua banda, Noel Redding, em 1968), Hendrix acabaria enfrentando o seu problema mais sério com a justiça em 3 de maio de 1969, no Aeroporto Internacional do Canadá, quando foi pego com alguns gramas de haxixe e heroína, encontrados em sua bagagem pela polícia da alfândega. Não era uma grande quantidade, mas o suficiente para caracterizar Hendrix como traficante, pelas severas leis canadenses da época - o que poderia render uma rigorosa pena de 40 anos de prisão no país. Como o guitarrista sempre foi discreto em relação ao uso de entorpecentes, e não costumava carregar substâncias em suas viagens para outros países, empresário e amigos dele sempre acreditaram que tudo não passou de uma jogada de policiais mais conservadores do Canadá para incriminar o músico, que teriam supostamente plantado a droga em suas malas para poder incriminá-lo. A defesa dos advogados de Hendrix conseguiu livra-lo justamente com as alegações de que ele absolutamente não sabia que estava carregando os pacotes, e que pelo modo eles foram encontrados na bagagem, poderiam ter sido entregues maliciosamente a ele junto com outros pertences, como forma de colocá-lo em maus lençóis com a polícia.



- JIM MORRISON E OS TUMULTOS




Jim Morrison, vocalista dos Doors, foi um dos mestres da arte performática de palco nos enlouquecidos anos 60, e as suas duas mais notórias prisões ocorreram devido a performances ensandecidas e transgressoras - a primeira em New Haven, Connecticut, em 10 de dezembro de 1967, quando após ter sido surpreendido e agredido por um policial por estar fazendo sexo com uma fã nos bastidores, minutos antes de um show, aproveitou alguns momentos ao microfone para contar em detalhes à plateia o ocorrido, e incita-los contra as autoridade policiais presentes. Xadrez no ato. Mais adiante, em março de 1969, ocorre o fatídico concerto de Miami, onde um Morrison mega bêbado conduz a apresentação de forma tão inebriada, que ele rosna e balbucia as letras em apenas 3 músicas, paralisa o show, e simplesmente faz o primeiro discurso "punk" da história do rock - xingando e insultando a própria plateia ("Vocês são um bando de escravos! Talvez gostem, talvez realmente apreciem os outros mandando vocês fazerem o que querem... gostam de ter a cara enfiada contra a merda! O que vão fazer a respeito disso... O que vão fazer a respeito disso!!!"). Logo em seguida, ele se insinua num arremedo de dança sensual, sugerindo que vai mostrar o seu órgão para a plateia, e arrisca um começo de strip-tease... Toma uns goles de vinho em cima do palco, berra mais algumas obscenidades, para então ser finalmente retirado pela equipe da banda no momento em que um tumulto se instaura, e parte da plateia começa a invadir o palco e quebrar tudo. E pronto: o calvário de mais um fora-da-lei do rock estava criado, com datas de show da banda canceladas para todo o resto do ano, e o cantor passando a enfrentar um pesado processo da Justiça americana, acusado de incitação a atos libidinosos, ofensas e exibição lasciva, e masturbação em público. Em setembro de 1970 o cantor seria detido por alguns dias para responder ao processo, mas foi colocado em liberdade com o pagamento de uma fiança milionária pela gravadora - e só seria inocentado de todas as acusações, com muito custo e trabalho advocatício, poucos meses antes de sua morte, em 1971.



- ROLLING STONES E O ASSASSINATO

Eternos 'bad boys', os Stones se meteram mais uma vez em encrenca ao terem a brilhante ideia de deixar a segurança daquele que estava previsto para ser um dos seus mais apoteóticos shows, com a gangue sanguinária de motoqueiros Hell's Angels - uma verdadeira instituição norte-americana da pancadaria. Como eles cobravam pelo serviço, basicamente, com caixas de cerveja e combustível para suas motos, os Stones acharam que seria uma boa economia de gastos para o show, e toparam. O evento seria gratuito, como um grande agradecimento da banda aos fãs dos EUA, e ocorreria no circuito desativado de automobilismo de Altamont, no norte da Califórnia, em 6 de dezembro de 1969. Promovido como uma 'resposta' dos Rolling Stones ao concerto de Woodstock, o famigerado evento seria um mini festival, que contaria também com apresentações de bandas amigas dos Stones, como Jefferson Airplane, Ike & Tina Turner, e Flying Burrito Brothers (de Gram Parsons). No dia em que o show começou, já na primeira apresentação o clima ficou tenso e se mostraria um prenúncio do que estava para acontecer - o Jefferson Airplane sobe ao palco e começa a e apresentar para uma audiência que estava chapada demais e sofrendo 'bad trips' demais, ao passo que os Hell's Angels perdem a paciência com as doideiras e papos de alguns na plateia, e já começam seu festival de bordoadas. Um dos integrantes do Airplane, Marty Balin, reclama no microfone da violência dos Hell's Angels, pedindo para que parem... e logo em seguida é agarrado por um deles e leva porrada também, no meio do show! A sequência de eventos até o show dos Stones, no começo da noite, foi se tornando tão sufocante e caótica, que alguns dos organizadores chegaram a perguntar a membros da banda se não seria melhor parar ali mesmo e cancelar tudo. Com o receio de que isso pudesse provocar mais animosidade, tanto na plateia quanto nos Angels, eles resolveram prosseguir. E então, durante a apresentação dos Stones - morna, tensa, e parando quase toda hora para que Mick Jagger inutilmente clamasse por "paz" à plateia e seguranças - ocorre o auge da selvageria: Meredith Hunter, negro, e supostamente portando um revólver, foi golpeado com facadas nas costas por Alan Passaro, um dos membros dos Hell's Angels mais próximo. "Under My Thumb" estava rolando no palco, enquanto estava rolando morte na plateia. Tudo foi captado com detalhes pelas câmeras dos Maysles Brothers, que estavam filmando o concerto para o documentário Gimme Shelter, que seria lançado no ano seguinte. Ali, a carreira dos Stones ficou cingida, em antes e depois de Altamont. E a própria história do rock também: a inocência da fase hippie tinha acabado ali, não existia mais a utopia da geração paz e amor de Woodstock, o mundo não era flores, e a sordidez e agressividade presentes na máquina de dinheiro da indústria de música pop e rock se tornou mais clara e evidente.

O trecho do documentário 'Gimme Shelter' (1970), com a morte de Meredith no show dos Stones


- LED ZEPPELIN E A PIRATARIA

Nenhum membro do Led Zeppelin foi preso durante a trajetória da banda, pelo que se tem notícia, e apesar também das estripulias e farras exageradas na época de suas megalomaníacas turnês, que entraram para o terreno da lenda. Mas o rotundo e gigantesco empresário deles, Peter Grant - uma figura tão agressiva e ameaçadora, que o simples olhar dele já intimidava jornalistas e outros artistas - promoveu uma campanha brutal e violenta contra comerciantes e pequenos vendedores que aproveitavam a passagem da banda nos EUA, para faturar com itens clandestinos e não autorizados com a marca do grupo (bonés, chaveiros, camisetas e outros itens de souvenir, bem como discos e fitas com gravações piratas de shows). Grant e sua equipe foram indiciados várias vezes por agressões, e até mesmo tentativas de homicídio. Um episódio muito polêmico também envolve o sumiço de uma grande quantia em dinheiro do cofre de um dos escritórios da banda nos EUA, em 1973, cujo valor exato e circunstâncias a respeito nunca foram esclarecidos - mas era algo na casa dos milhões de dólares. E a série de evasivas de Grant a respeito do assunto acabaram despertando inúmeras suspeitas ao longo dos anos, que vão desde um "furto forjado" pela banda, para impedir cobranças por parte dos pesados impostos de renda ingleses, até uma apropriação ilegal do próprio Peter Grant, que teria ficado com a grana. De qualquer forma, é um mistério que ele levou para o túmulo - Grant faleceria em 1995.


- JERRY LEE LEWIS E A INVASÃO

Um dos episódios mais icônicos da história do rock acontece nas primeiras horas do dia 23 de novembro de 1976, quando um muito bêbado, e muito confuso Jerry Lee Lewis, o "Killer", o cantor e pianista mais rock and roll de todos os tempos, deixa a boate The Vapors, em Memphis, portando uma pistola Derringer calibre 38, em um Lincoln Continental novinho que ele havia alugado. Em sua mente, a ideia fixa de visitar um de seus velhos amigos dos primórdios do rock: ninguém menos que Elvis Presley, em sua lendária mansão Graceland. Lewis para em frente ao local e começa a berrar, xingar e esbravejar como um possesso, no interfone e  sistema de câmeras do local. Eram cerca de 3 horas da madrugada. "Ei, chame o Elvis! Avisem ele que eu estou aqui, o matador (killer) veio, e quer vê-lo! Vamos, seus f.d.p., eu sei que estão me vendo e me ouvindo! Me deixem entrar!!!". Logo, os assessores de Elvis que estavam na mansão naquele momento, membros da famosa 'Máfia de Memphis', assustados e vendo que Lewis estava alterado e armado, entraram em contato com a polícia, que instantaneamente compareceu no local para levar Lewis preso. Detalhe: o seu estado de ebriedade estava tão lamentável, que ele mal conseguia segurar a pistola que portava, e deixou ela cair assim que saiu do carro. E o ferimento que vemos na parte superior de seu nariz, assim que foi retratado em sua mugshot na delegacia, foi devido a uma garrafa de champanhe vazia da qual ele tentou se livrar ainda enquanto dirigia, a atirando pela janela, mas um dos cacos acabou voando e cortando o cantor.


- DAVID BOWIE E AS 'DORGA'

A fama do camaleão do rock como um cara transgressor e 'fora da casinha' já era bem notória, mas em certos lugares mais conservadores dos EUA, chegava a ser uma afronta a sua postura e estilo tão andrógino e desafiador. Ainda mais num determinado momento, em março de 1976, quando ele saiu em uma turnê na qual se fazia acompanhar por um louco e detonado Iggy Pop, que se tornara seu parceiro musical e agora tentava firmar uma carreira solo depois de sua fase com o grupo The Stooges - e as credenciais de Iggy, nesses lugares caipiras do interior, também era a pior que você possa imaginar, ele era tido como um degenerado, uma dessas monstruosidades paridas pelo showbizz para depravar famílias e abrir as portas da América para as "dorga" e o comunismo. Foi nesse cenário que, ao aportarem na pequena cidade de Rochester, estado de Nova Iorque, ambos foram vítimas de uma suposta "ligação anônima" para a polícia local realizar uma batida nos quartos de hotel onde eles estavam. A abordagem ocorreu durante uma festinha da equipe, logo após o show que fizeram naquela noite, e que fora um sucesso. Foram encontrados 220 gramas de maconha - que, de acordo com a polícia, seriam de Bowie. Passaram apenas algumas horas detidos, e logo foram soltos sob fiança. Para Bowie, conforme entrevista da época, tudo não passara de um mal entendido, com uma droga que simplesmente nem seria dele: "Certeza que essa droga não era minha. Demos uma festa para comemorar o sucesso da apresentação, e diversas pessoas de fora compareceram. Só pode ter sido maconha de alguém que apareceu por lá e tentou me prejudicar."

- DAVID CROSBY - 'DORGA', CARROS E ARMAS

Em 1982, foi preso em Dallas, por porte ilegal de armas e maconha. Passou nove meses barra pesada na prisão. Mal saiu, tomou umas e pensou em dar uns pegas de carro - e então foi preso novamente, por dirigir embriagado em alta velocidade, e sob uma suspeita de atropelamento e fuga. Em 1985, mais xadrez: novamente, portava armas e drogas. Mesmo sendo já um veterano do country rock americano, e com a idade mais avançada, Crosby teria problemas com a lei mais uma vez em 2014, ao ser preso com várias armas sem registro, munição e maconha.  Alguns policiais simplesmente não entendem que um roqueiro raiz precisa manter sempre o seu peculiar estilo de vida... Que cessou, no caso de Crosby, com sua morte, em janeiro de 2023.


- ARTHUR LEE - 'DORGA', CARROS E ARMAS

Líder do lendário grupo Love, com o qual lançou em 1967 um dos mais aclamados álbuns de todos os tempos, o épico Forever Changes, Lee desfez a banda ainda naquela época, e depois foi tentando voltar com várias novas formações, mas nunca mais teve o mesmo sucesso de antes. Inteligente, mas exótico e excêntrico como poucos, ele foi considerado o primeiro "hippie negro" de sua época. Ao longo dos anos 70, foi cada vez mais afundando no ostracismo, e a partir da década de 80, Lee começou a se envolver em episódios cada vez mais sinistros, de uso de drogas, condução perigosa de veículos, e até mesmo tentativas de assalto, conforme reportavam alguns tabloides. Em 1996, Lee é preso, após pessoas alegarem que ele havia enlouquecido e estava dando tiros para o alto, em um estabelecimento comercial de Los Angeles - ele seria sentenciado a 12 anos de prisão. Durante todo o restante de sua vida, ele negaria as acusações, afirmando que haviam "armado" um flagrante para ele - e de fato, em 2001, quando ele foi solto por bom comportamento e cumprimento de parte da pena, a corte de apelações do Estado da Califórnia considerou que houve má conduta do promotor que administrou o caso de Lee na época, e que havia sido comprovada falta de indícios por ausência de resíduos de pólvora e reconhecimento das digitais de Lee na arma apreendida. Lee passaria mais alguns anos vivo, e mesmo tendo sido diagnosticado com leucemia (que acabou o levando, em 2006), ele foi elevado ao status de mito, e ainda teve tempo de reviver glórias passadas com alguns concertos de celebração das gravações de Forever Changes, com nova banda, orquestra e músicos amigos, em shows realizados entre 2003 e 2005, nos EUA e Europa.


- PAUL McCARTNEY E A 'ERVA'

O ex-beatle nunca escondeu sua predileção pela "maria joana", e chegou a confessar, depois de muitos anos, que a célebre canção "Got to Get You Into My Life", composta e lançada ainda na época dos Beatles, era uma ode à folha doce. O grande problema foi quando isso causou um sufoco do qual Paul custou a se safar, resultante na famosa prisão dele no Japão por porte de maconha, prestes a começar uma turnê asiática, em 1980. Não muito preocupado com as advertências já passadas, de que não era recomendável tentar burlar a detalhista alfândega japonesa (conselho seguido pelos músicos de sua banda na época, os Wings), Paul camuflou um pacote com 218 gramas da erva em uma de suas jaquetas, na mala. Na hora da revista, a surpresa de um dos agentes - que era, inclusive, fã de Paul! "Na hora em que ele tirou aquilo da mala, ele estava mais constrangido do que eu", disse depois o músico. Paul ficou detido por dez dias, que, caso a sua defesa (constituída pelo advogado John Eastman, seu cunhado) não tivesse agido rapidamente, poderiam ter se transformado em sete anos de prisão, com a caracterização de tráfico de drogas - apesar da pequena quantidade, para o Japão qualquer coisa acima de 100 gramas já pode ser considerada para fins de tráfico. Ele só seria solto após uma forte intervenção da embaixada britânica no Japão, e com as justificativas de que o réu confessara o seu arrependimento pelo ato, e que mediante a sua fama e repercussão pelo mundo, já teria sofrido uma "punição social" condizente. Curiosidades: Paul ficou confinado em Kosuge,  penitenciária de Tóquio com alguns dos mais perigosos traficantes presos do país, o que conferia a Paul o "sentimento" de ser um deles; durante sua estadia, ele solicitou um violão, pois alguns companheiros de cela ficavam pedindo durante a noite que ele cantasse "Yesterday" e outras músicas, mas o pedido foi negado pela administração do presídio; e a dieta vegetariana do cantor foi respeitada, além de terem concedido a ele algumas regalias, como roupas limpas, comida sempre quente e bons cobertores, além de um chuveiro privado para o banho - mas ele preferiu usar o comunitário, em respeito aos demais presos. 



- PHIL SPECTOR E O ASSASSINATO

Sem sombra alguma de dúvidas, um dos caras mais doidos da história da música pop, além de também considerado um gênio, Spector foi um dos mais renomados produtores musicais dos anos 60, havendo criado o conceito de "wall of sound" (parede de som), com instrumentações orquestrais suntuosas e grande impacto sonoro, nas músicas de grupos vocais diversos, como os femininos The Crystals e The Ronettes, Ike & Tina Turner, The Righteous Brothers, entre vários outros, com singles de enorme sucesso que estouravam nas paradas. Nos anos 70, após um polêmico trabalho com o último álbum lançado pelos Beatles, Let it Be (a contragosto de Paul McCartney), ele passou a produzir George Harrison, Leonard Cohen e vários outros artistas de renome, incluindo os Ramones no final da década - que, apesar de terem gostado de seu trabalho no álbum End of the Century, o acusaram de psicótico e autoritário, tendo até mesmo trancado os músicos do grupo no estúdio em alguns dias, sob a mira de uma arma, para que refizessem vários takes que ele achava que não tinham ficado bons, extremo perfeccionista que era. De 1980 em diante, Spector se isolou, ficando recluso em sua luxuosa mansão em Los Angeles, como uma espécie de Howard Hughes moderno. Até que, em 2003, o choque: a atriz Lana Clarkson, com quem Spector pretensamente teria um caso, é encontrada morta com um tiro na cabeça, na sala de sua mansão. A mania do produtor com armas era notória - bem como seu comportamento errático e obsessivo, resultado de anos de abuso de cocaína, segundo vários conhecidos. O crime e seus motivos nunca foram bem esclarecidos, e Spector foi finalmente condenado a 19 anos de prisão, em 27 de setembro de 2004. Ele cumpriu sua sentença até janeiro de 2021, quando faleceu, aos 81 anos, vítima de complicações da Covid-19.


Menções 'desonrosas':

- SID VICIOUS

O polêmico baixista dos Sex Pistols, preso em 12 de outubro de 1978, por supostamente ter assassinado sua namorada Nancy Spungen, num quarto de hotel em New York. Ela foi morta a facadas, e mesmo tendo confessado o crime em um primeiro momento, Vicious estava em um estado tão confuso e deplorável pelo uso de entorpecentes, que foi considerado inocente depois, pois testemunhas alegaram ter visto um traficante invadindo o local na época, a quem Nancy devia dinheiro. Vicious morreria também em 1º de fevereiro de 1979, de overdose.

- OZZY OSBOURNE

Para esse, problemas com a lei eram até rotina, visto que desde jovem, já tentava roubar lojas em sua terra natal, Birmingham, na Inglaterra. Mas a partir dos anos 80, depois de deixar o Black Sabbath e avançar em sua carreira solo, é que o 'madman' teve os seus anos mais desvairados em relação a prisões: em 1982, trêbado, cometeu o ato lendário de urinar em um monumento do Álamo, orgulho do estado do Texas. Em 1984, após um show em Memphis, Tennessee, usou tanta 'dorga' que saiu louco pela madrugada, vandalizando e urrando pela cidade até ser detido - o que gerou o registro da mugshot acima.

- AXL ROSE




O desajustado vocalista dos Guns N' Roses também era chegado numa mugshot - tirou uma novinho já, aos 18 anos, após furtos e arruaça, em sua terra natal de Lafayette, no estado de Indiana. Depois disso, seguiu carreira: ainda seria detido mais umas cinco vezes ao longo a vida, sendo uma das mais célebres essa da mugshot de baixo, em 1992, quando ele simplesmente pulou no meio da plateia para brigar com um cara que estava filmando o show da banda sem autorização, e acabou despertando um tumulto violento na audiência, com muito quebra-quebra, por se recusar a voltar ao palco para continuar, depois do incidente. O interessante é que ele parecia sorrir para a câmera da delegacia. Que maluco.


- KURT COBAIN

Em maio de 1986, o líder do Nirvana foi preso em sua cidade natal, Aberdeen (próxima de Seattle), por estar pichando muros de casas e derrubando latas de lixo pelas ruas. Vandalismo puro. Ou seja, smells like teen spirit


- O CASO DOS GRUPOS MAYHEM E BURZUM

Varg Vikernes

Para terminar, não poderíamos deixar de falar de uma das mais horrendas e malignas tretas do black metal norueguês, envolvendo os membros dos projetos Burzum - Varg Vikernes, e Mayhem -  Øystein "Euronymous" Aarseth, em 1993, após desenvolverem uma amizade psicótica e marcada pela competição entre ambos. Apesar de inicialmente terem contribuído um com o outro em suas bandas, Vikernes aparentemente entrou em uma onda de piração com filosofias ocultistas nórdicas de culto ao bode preto, e começou a participar de incêndios a igrejas locais, além de diversos outros atos de vandalismo e agressão. Em 10 de agosto de 1993, ele assassinaria Euronymous na casa do mesmo, de forma ritualística e com requintes de crueldade, tirando fotos de partes do corpo do guitarrista e de todo o sangue no local, para pretensamente utiliza-las em um de seus próximos lançamentos. Ele cumpriu 15 anos de prisão pelo crime, mas o pior de tudo, foi solto desde então em liberdade condicional, e hoje mantém diversos sites e projetos em torno de temáticas polêmicas, como o neonazismo, a extrema direita e a superioridade racial. Toda a história do caso Mayhem X Burzum está fielmente retratada no filme de 2018, Lords of Chaos.

Euronymous


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