Foi no início deste já complicado ano de 2025 que duas situações diversas, mas de certa forma intrinsecamente conectadas, nos deram um panorama geral de como a passagem do tempo é algo complexo e delicado, e capaz de gerar algumas reflexões que deixam a gente meio perplexo, meio entristecido, meio baratinado... Meio diversos estados, dependendo do momento e do grau de humor em que você se encontra.
São duas situações ligadas às duas maiores bandas de todos os tempos, e que volta e meia são prezadas e referenciadas aqui nas postagens do blog, como muitos já podem ter percebido: Beatles e Rolling Stones.
Primeiramente, a passagem de Marianne Faithfull, em 30 de janeiro, uma das mais representativas figuras do agitado movimento Swingin' London dos anos 60. Ao lado da cantora Lulu, ela era uma das vozes femininas símbolos da geração pop inglesa daquela década, dona de uma personalidade forte e marcante, e que para muitos, será para sempre lembrada como "a namoradinha cantora do Mick Jagger", musa e parceira dos Rolling Stones - estourou nas paradas com a regravação de uma baladinha célebre deles, "As Tears Go By", e se tornou uma das primeiras mulheres "empoderadas" da contracultura, capaz de fazer frente ao poderio de figuras como Alain Delon (com quem estrelou filmes na época) e o próprio Jagger, mas nunca abaixando a cabeça - escolhia seus projetos sem admitir interferências dos "caras", não admitia que seu nome fosse grafado menor ou debaixo dos de artistas homens, e adorava arriscar e apostar no insólito, no diferente e no inesperado. Ousada, já com 51 anos, meteu a voz, cara e coragem na música "Memory Remains", do Metallica, pesadão - se fazendo conhecer por uma nova geração que não fazia nem ideia de quem era ela.
A partida de Marianne nos deixa a incômoda sensação de extinção dos talentos autênticos, daqueles que já não se vê mais, construídos e trabalhados com tempo e dedicação, pois a danada já era multimídia antes da existência dessa palavra, e atacava em diversas áreas com muito talento: assim como outros(as) artistas da época, atuava, performava, e cantava com maestria. E que voz! Diferente e robusta, de um tom mais grave e tratada na base dos Scotch e cigarros, contrastava com a belíssima imagem de loirinha angelical que ela tinha.
Hoje, peça para algum(a) influencer que já sai espirrando de YouTube pra Big Brother, e de Big Brother pra novela de TV e streaming (ou mais vídeo de YouTube), pra ver se faz com respeito o que ela fazia... Sem chance.
Não precisam, pois o algoritmo acolhe e promove toda essa gente meio sem jeito pra ter jeito com o que fica pra sempre na alma.
Um monte de "arte" que se diz arte, feita de modo corrido, mal produzido, automático, empurrado, e meio sem coração hoje em dia.
Quase que simultaneamente à morte de Marianne, apenas 5 dias antes, um de seus bons e velhos conhecidos - que já havia frequentado muita badalação com ela e os Stones em tempos áureos - ninguém menos que o ex-beatle Sir Paul McCartney, concedeu uma senhora entrevista à BBC de Londres, que deu o que falar.
Na boa, e com aquele jeito seu de tiozão simpático sempre de olho nas esquinas, Paul chamou a atenção para as propensas mudanças na legislação inglesa relativa a direitos autorais, que passariam a permitir a implementação de diversas tecnologias de IA (inteligência artificial) na produção de músicas, passando a utilizar conteúdos autorais de compositores como "modelos" para a criação de novas músicas, e sem pagar nada aos legítimos autores - e aí a gente esbarra numa questão polêmica, que é a possibilidade dos primeiros casos de plágio musical digital de IA prestes a surgir por aí!
"Quando éramos crianças em Liverpool, encontramos um emprego que amávamos, mas que também nos ajudava a pagar as contas. Por favor, fiquem atentos, não deixem a inteligência artificial roubar os artistas!" - asseverou Paul.
Eis o choque de que falamos no início.
O mundo vai mudando, e em muitos aspectos, é para melhor, bem melhor. As novas tecnologias que vieram já salvam muito mais vidas, facilitam a comunicação, a economia, os transportes, e uma enormidade de outras situações. Mas elas também podem servir, e muito, às más intenções. Não agem sozinhas - há impulsos muito humanos (e mesquinhos) por trás delas. E nesses aspectos piores, elas nos afligem, e nos assustam.
Quando conduzidas irresponsavelmente, e de forma a sufocar, confiscar ou adulterar as matrizes do pensamento e da criatividade humanas, se tornam uma ameaça nefasta para gente dessa geração de Paul e Marianne. E, por conseguinte, para todos nós - que, afinal, estamos caminhando para ser uma geração como a deles também.
E agora, finalmente... O nosso PODCAST!
Neste mês, finalmente estreia o podcast promovido por nosso blog, em parceria com os Estúdios Merlin: 'Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones', uma produção em áudio, onde serão abordados os principais fatos, curiosidades, e principalmente as músicas, dessas que são consideradas as duas maiores e mais influentes bandas de rock de todos os tempos, que fizeram história (e ainda fazem!). Sinta um pouquinho da experiência dando play no radinho que segue logo abaixo:
Para contribuir com esse trabalho, solicitamos o valor módico de apenas R$ 10 (dez reais), e com essa ajudinha, além de receber o link para curtir essa experiência cultural e sonora, você ainda vai ganhar, no e-mail ou número indicado, um brinde surpresa que a gente garante: quem é fã, vai com certeza adorar.
Preencha o formulário no link abaixo, e tenha desde já acesso ao podcast 'Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones'!
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