sábado, 23 de março de 2024

A TRÍADE ABSOLUTA DO METAL

 

Em qualquer ponto do espaço-tempo contemporâneo, não adianta: você pode perguntar pra qualquer stoner ou doomer que seja, onde começou tudo... qualquer cara que curta aquela viagem porradeira no som maciço e tonitruante, sorumbático, mórbido e intenso, com saraivadas de riffs e acordes pesados jorrando da guitarra, e baixo desabando  ondas graves e hipnóticas dos amplificadores, enquanto a loucura percussiva de um bumbo, caixa de guerra, pratos e tudo o mais numa bateria vai celebrando um espancamento rítmico para elevar ainda mais a tensão dos seus batimentos cardíacos... Não adianta, meu amigo. Você, inevitavelmente, está diante de todas as gerações de ouvintes de um heavy metal raiz e irrepreensível, que veneram e pagam tributo à tríade básica do gênero - os três primeiros discos lançados pela clássica formação do Black Sabbath, lá no comecinho dos anos 1970. 

O autointitulado LP de estreia, Black Sabbath (13 de fevereiro de 1970), Paranoid (18 de setembro de 1970), e o também mortal Master of Reality (21 de julho de 1971) - nada tira o mérito e primazia desses 3 registros que definiram um estilo, uma estética e uma filosofia de vida, na direção de um novo gênero que estava a se formar. 

O som do grupo, nessa fase inicial, era tão cru e distinto, que era praticamente impossível encontrar quem realmente fizesse algo parecido, visto a agressividade natural e rudimentar com que eles produziam juntos, enquanto banda. Reflexos tanto de uma certa inépcia mesmo, impeditiva de elaborarem mais a sua musicalidade, quanto também de serem originados em um ambiente lúgubre e industrial, de vida difícil (Birmingham, na Inglaterra), onde precisavam quase "brigar" com as plateias barulhentas de pubs fuleiros, onde tentavam ser ouvidos. 

O que tínhamos ali, afinal? Um vocalista boquirroto de origem miserável, que já tinha praticado pequenos furtos e aprendera a cantar e berrar alto ouvindo blues, Beatles e bandas de garagem barulhentas (Ozzy Osbourne); um líder guitarrista canhoto, nervoso e bom de briga, que era barra pesada nos pubs e ainda tinha perdido as pontas dos dedos da mão direita em uma torneadora industrial (que fazia as posições no instrumento tendo que usar próteses), pois era metalúrgico (Tony Iommi, tinha que criar o som do metal mesmo!); um baixista ligado em filmes e livros sobrenaturais, que simplesmente adorava saturar a gravidade das quatro cordas amplificadas no talo (Geezer Butler); e um baterista doidão e gente boa, mas que gostava de descer as baquetas no couro sem dó, com a mesma intensidade com que virava vários canecos de cerveja (Bill Ward). Essa combinação se estabilizou após algumas pequenas mudanças de formação, e a partir do nome Earth, resolveram adotar um mais propício para os tipos de letra que Geezer passou a escrever, sempre abordando temas obscuros e apocalípticos, retirado do nome de um filme de terror de Mario Bava, de 1963: Black Sabbath (no Brasil, "As Três Máscaras do Terror").

Malhados pela crítica no início de carreira, mas adorados pelo seu público, viram o tempo se tornar o seu maior aliado, à medida em que se tornaram cultuados e lendários, praticamente os verdadeiros pioneiros do heavy metal, graças a:

1) Black Sabbath (1970): a estreia perpetrada com urgência assustadora, apenas um dia no estúdio - isso mesmo, um único dia - para não onerar muito os custos de produção, e porque já tinham todo o repertório afiado, em ponto de bala para registrar. Sons de tempestade e sinos do mal ecoam nos primeiros sulcos do vinil enquanto explode um dos riffs mais lentos, pesados e sinistros da história - simples, mas extremamente eficaz, e eterno! A música-título, uma obra-prima e que dá nome à banda, oferece uma visão do inferno jamais antes explorada na música popular, na voz chorosa e desesperada de um jovem Ozzy, que comete uma das melhores aberturas de disco já realizadas por um frontman iniciante. Tem também petardos como a bluesy "The Wizard", a tétrica e cadenciada "Behind the Wall of Sleep", "Evil Woman", a clássica e colossal "N.I.B." (com mais rifferama que não sai da mente), e as interligadas "Sleeping Village" e "The Warning", que engatam um medley viajante e avassalador, onde Iommi mostra todo o seu poder de fogo nas seis cordas. 

A "capa da bruxa" entrou para a história, e o mistério sobre a garota assombrosa na floresta perduraria por muitos anos, até que apenas recentemente, na era da internet, descobrimos ser a modelo britânica Louisa Livingston. O disco não poderia ter saído em data melhor: uma sexta-feira 13! A reedição em CD conta com a faixa bônus "Wicked World", que havia sido originalmente lançada junto com "Evil Woman", no primeiro single do grupo, em 1970. 

Black Sabbath, a música

N.I.B.

2) Paranoid (1970): um disco produzido ainda na caótica correria da banda, cumprindo diversas datas de shows, e fazendo de tudo para cravar seu nome no panteão dourado do rock. Com a grana entrando de um modo que nunca imaginariam, Iommi e equipe se desdobram para faturar, mas também para produzir e lançar material novo, demandado pela horda de admiradores que só aumentava. Assim, acabam gastando um pouquinho mais de tempo no estúdio (mas não muito, apenas três!), para gerar um LP que muitos consideram ainda melhor que o álbum de estreia. A faixa de abertura, a mítica "War Pigs", um dos mais concisos e bem acabados trabalhos de composição do grupo, repleta de mudanças de ritmo, viradas e solos alucinantes, era para ter sido a faixa-título do trabalho, constituindo o primeiro grande posicionamento político do Black Sabbath, como uma crítica à Guerra do Vietnam - entretanto, a gravadora preferiu evitar polêmicas e quis que a banda continuasse mais no lado obscuro, o que causou a enorme confusão que muitos tem até hoje ao pensar sobre o que significa a capa do disco (um guerreiro assustado com uma espada - ou seja, era para ser uma ilustração sobre guerra), mas aí a foto já tinha ido para a produção e saiu desse jeito mesmo. 

A música-título, "Paranoid", é o trabalho mais conhecido do grupo, nasceu de uma inesperada jam no estúdio, foi gravada e finalizada em apenas 25 minutos (!!!), e só quem viveu em Marte desde a década de 1970 para nunca ter ouvido essa porrada sonora, uma das primeiras canções loucas de lamento com Ozzy falando sobre relacionamentos detonados pela psicose humana! A macabra "Electric Funeral" é um perfeito exemplo de doom metal pioneiro e encharcado de distorção fuzzy wah-wah por Iommi, enquanto Geezer e Ward piram na cozinha e Ozzy se esmera nos vocais cavernosos. Clássicos como "Hand of Doom", "Fairies Wear Boots", e a riffenta "Iron Man" - outro hino da banda, versando sobre viagens no tempo e fim do mundo - também fazem parte desse registro histórico.

War Pigs


Paranoid

3) Master of Reality (1971): com um pouco mais de dinheiro no banco, e tempo para relaxar e compor, o Black Sabbath volta a lançar álbum no ano seguinte, sendo este um trabalho um pouco mais elaborado, mas não menos pesado e intenso que os anteriores. Acaba tendo até mesmo uma temática mais dark e sombria, pois as letras versam sobre vícios em drogas, perda da fé, destruição da humanidade e ameaças químicas, dentre outras pirações, e Iommi chega a mudar a afinação de sua guitarra nesse LP, para extrair um som mais grave e pesado. O disco já entra com uma baita tosse induzida pela erva maldita de Iommi, onde a folhinha verde é o foco, "Sweet Leaf". "After Forever", tida por muitos como uma mudança de rumo do grupo ao fazer uma canção cristã, é na verdade uma crítica a toda a obsessão que a mídia e certos fãs tinham pela imagem satânica cultivada ao redor deles. "Solitude" espelha um momento mais lírico, e de uma musicalidade soturna e medieval interessantíssima, com flautas e vocais reflexivos de Ozzy, quase irreconhecíveis. O peso volta e desaba com tudo nas pedradas de "Children of the Grave", "Lord of This World", e na impressionante "Into the Void", tão cheia de viradas e ritmos sincopados, que Bill Ward até hoje se queixa de nunca ter conseguido a tocar bem ao vivo. Consolidando a posição do Black Sabbath como banda única e criadora de uma nova tendência no rock pesado, Master é o último registro de uma fase inovadora e mais primal do som da banda, que passaria, com o LP seguinte (o Volume 4, inteiramente gravado nos EUA), a diversificar um pouco mais as suas composições e o tipo de instrumentação utilizada em sua obra.

Children of the Grave

De 1972 em diante, veríamos o Sabbath expandir a sua sonoridade para searas que flertavam com o pop ("Changes", a balada de Ozzy que faria o grupo tocar em todas as rádios), e as experiências progressivas ("Under the Sun" e especialmente as músicas do Sabbath Bloody Sabbath, de 1973, como "Who Are You" e "Spiral Architect"), mas sempre mantendo o peso no som. 

O pontapé inicial no doom e stoner metal, com as suas características mais vigorosas, no entanto, ficaria para sempre marcado naqueles três primeiros discos.


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sábado, 16 de março de 2024

O OCASO DE UMA (SUPER) ERA

 

O mundo ainda respira os ares do Oscar vencedor de Oppenheimer, de Christopher Nolan, neste março de 2024, enquanto surgem as últimas discussões acerca do desastre total, completo e irrestrito que foi aquele filme da Madame Teia (2024), nossa senhora, o que é aquilo.

Quando a própria atriz principal da empreitada (Dakota Johnson, a protagonista), que é quem deveria estar desfrutando os louros do êxito, e com orgulho do que fez, se põe a ela mesma detratar o filme, e falar mal do que o estúdio e produção fizeram, alterando o script original e transformando tudo numa salada de equívocos, é porque parece que realmente chegamos no fundo do poço desse enorme hype que surgiu chamado "filmes de super herói".

A Madame Teia que se enrolou na própria teia

Veja bem, o projeto é da Sony, e não da Marvel, que é o estúdio símbolo de toda essa geração de seres fantásticos que tomaram as telonas - apesar de usar personagens da Marvel, por ser detentora dos direitos de filmagem. Mas mesmo assim, e todo mundo comenta, nos filmes da Marvel (e da sua arquirrival DC), a estafa geral já é sentida há um bom tempo.

Não é mistério para ninguém que, desde que a era clássica dos Vingadores no cinema acabou, com o desfecho mortal do embate entre Thanos e Homem de Ferro, no já mítico Vingadores: Ultimato (2019), a Marvel Studios tentou, tentou, mas não conseguiu até hoje repetir o sucesso dos grandes momentos de então.

Vingadores: Ultimato

Filmes posteriores como Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021), ou até mesmo o último Guardiões da Galáxia vol. 3 (2023) foram estratégias certeiras, sucessos respeitáveis de bilheteria, mas que representaram também lampejos finais da criatividade de uma fórmula cujo desgaste seria inevitável - mas cuja eficiência poderia ter sido prolongada por mais algum tempo.

O grande problema é que a Marvel quis fazer no cinema algo que já foi feito inúmeras vezes nas HQs, que é aposentar ou descansar alguns heróis, tirar o foco de uns e jogar sobre outros, trocar alguns de lugar e de evidência. Ou seja, reciclar seu universo e mudar um pouco o cardápio. Mas se esqueceram de uma premissa básica: o mundo do cinema não é o mesmo dos quadrinhos. Os públicos são diferentes, e se comportam de maneira diferente. Uns compram a aposta e topam bem essa parada, são mais abertos a variações, outros não. E custear e produzir uma série de gibis (como diziam na minha época) ou de graphic novels, seja lá o que for, nunca será o mesmo que produzir um filme para cinema ou um seriado de streaming, que envolvem elementos, equipes, gastos e detalhes muitíssimo diferentes, e que podem comprometer seriamente todo o resultado final!

Equipe original dos Vingadores nos quadrinhos da Marvel: Thor, Homem de Ferro, Capitão América, Homem formiga e Vespa, e o Incrível Hulk

Infelizmente, há uma triste realidade por trás do fato de que a Marvel acabou por começar a levantar a sua própria lápide no mundo do cinema, abandonando heróis lendários e já familiarizados há anos pelo grande público - e que não é só o público básico de quadrinhos - como o Capitão América, Homem de Ferro, Thor e Hulk (esses últimos rebaixados à condição ridícula de personagens de comédia).

Jogar holofotes sobre um segundo escalão, composto por figuras como Os Eternos, Homem Formiga, Dr. Estranho, Capitã Marvel, e no streaming, Cavaleiro da Lua, Mulher Hulk, e a mais recente Echo, provou ser uma manobra arriscada e muito temerária da Marvel para manter o interesse das plateias. E agravada por alguns pontos cruciais:

1) A perda natural de alguns intérpretes nos quais o estúdio estava apostando todas as suas fichas para alavancar as sagas - Jonathan Majors, que seria o próximo grande vilão Kang, o Conquistador, processado e condenado por agressão; Brie Larson, já praticamente destituída de seu papel como Capitã Marvel pela falta de carisma como a personagem e de empatia com os fãs, além de declarações tortuosas e polêmicas em entrevistas e nas redes sociais, que revelam que a moça não nasceu mesmo para ser uma heroína; e o caso mais triste, Chadwick Boseman, o Pantera Negra, que perdeu uma luta para o câncer em 2020, forçando a Marvel a fazer malabarismos de roteiro e elenco para a continuação do filme em 2022. Mas aí vem mais um probleminha exposto aqui no tópico seguinte...

2) Justamente em Pantera Negra 2 - Wakanda Forever, a gente se depara com uma das armas mais letais que a própria Marvel acaba usando contra os seus heróis: a mudança de enfoque nas tramas e na própria natureza das personagens, para agradar ou atender a tendências sociais atuais, movimentos e "minorias", e assim tentar alavancar mais público. Só que acaba acontecendo o contrário. Eu, assim como tantas outras pessoas fãs dos quadrinhos que eu conheço, não considero aquele soberano dos mares que está lá, no filme, interpretado por um tal de Tenoch Huerta, como o verdadeiro Namor, o Príncipe Submarino. Não mesmo, não adianta. É um outro ser. Para atender a uma parcela do público e da crítica que elogiaram o primeiro Pantera Negra, por sua celebração à diversidade das etnias e suas culturas, a Marvel simplesmente me transforma um dos seus mais icônicos personagens num mutante 'cucaracho', com ramificações anfíbias nas antigas civilizações maias e astecas que afundaram na água, substituindo a Atlântida por um outro reino e transformando tudo numa "fiesta do chicano doido" que descaracterizou totalmente o contexto original do Namor - cuja história era muito mais ligada, na verdade, à do Capitão América, na Segunda Guerra Mundial. Eu não me importo se não queriam que o espectadores confundissem a Atlântida do Namor com a do seu colega análogo da DC, o Aquaman! Nos quadrinhos, ambos sempre vieram desses reinados, e tudo bem, nada a ver um com o outro, e cada um na sua. E o Namor original tinha muito mais apelo, carisma e motivação do que aquele cara insosso que colocaram lá.

Namor, o Príncipe Submarino: como é que este cara...

... pôde se tornar este?

3) Certas liberdades poéticas da Marvel em suas adaptações para as telas são simplesmente um desastre. Um exemplo gritante: a She Hulk, ou Mulher Hulk. Uma série de streaming que, também na busca por pegar carona na tendência do "empoderamento" feminino, foi feita na pressa e no desleixo (inclusive dos efeitos especiais, sobre os quais falaremos agora mesmo), com um roteiro pífio que transformou a história da personagem em uma espécie de comédia bufona, com exageros de metalinguagem e quebras de conceito irritantes em relação ao que liamos nos quadrinhos. O filho do Hulk que aparece no último episódio, por exemplo (o Skaar), é uma das visões mais patéticas e deploráveis de personagem adaptado que eu vou guardar na memória, por muitos anos.

Skaar, o filho do Hulk: à esquerda, nas HQs. À direita, na série She Hulk

4) Vovó já dizia: a pressa é inimiga da perfeição. E a Marvel desrespeitou essa regra abundantemente. Num dos maiores exemplos de correria para faturar com filmes e séries - bem, talvez isso seja mais culpa da Disney, que se apropriou da coisa toda - a empresa foi acusada de pressionar e estressar seus técnicos de efeitos especiais com prazos descabidos e absurdos, para entregar suas séries e filmes. A já citada série da Mulher Hulk tem alguns dos piores CGI já vistos em muito tempo, com um episódio em que a perna da personagem "estica" de forma grotesca. O "terceiro olho" do Dr. Estranho, no filme Multiverso da Loucura (2022), que parece recortado de uma imagem no Paint e jogado na testa dele de qualquer jeito, causou risadas em muita gente. E a coisa chegou a um extremo tão impressionante, que o filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021) saiu em uma versão inicial, para atender à data anunciada de lançamento do filme, e depois de dois meses foi relançado com uma outra cópia, contendo alguns dos efeitos especiais nas cenas corrigidos, após críticas dos fãs. Toda essa celeuma engrossou também, pouco tempo depois, a famigerada greve dos roteiristas de Hollywood, que foi a mais longa já ocorrida até hoje, e que teve a adesão de vários desses técnicos de estúdio revoltados com as exigências da Disney/Marvel, causando um impacto negativo jamais antes sentido na indústria cinematográfica norte-americana.

Inegavelmente, sabemos que tem muita coisa que foi feita no anseio de realmente continuar com obras que agradassem, e que continuassem atraindo os fãs. Bons resultados também ocorreram: os já citados Guardiões da Galáxia, e séries como WandaVision e o último Loki (apesar de umas forçadas de barra na mudança de natureza do personagem). Apesar dos desacertos, a Marvel está prometendo para, em breve, um grande retorno à sua fase áurea, com o ingresso dos X-Men em seu universo (através do novo filme do Deadpool), do Quarteto Fantástico, e da nova epopeia dos Vingadores, em nova formação. Vamos ver, né?

Ilustração do novo filme do Quarteto Fantástico, divulgada pela Marvel neste mês

E sobre a DC, não vamos falar nada? Bem, o que falar de um universo cinematográfico integrado que já nasceu errado? Descontando as icônicas produções lá atrás que, essas sim, revolucionaram ou praticamente criaram o jeito de se fazer filmes de super herói moderno - o Superman clássico, da série com Christopher Reeve, ou as versões do Batman de Tim Burton, e depois Chris Nolan - o chamado DCU foi uma catástrofe desde que ocorreram alguns equívocos de rota por parte de um approach mais sombrio de Zack Snyder, em relação ao Super-Homem e à Liga da Justiça, ou quando na tentativa de reverterem a tendência e tornarem tudo mais leve e colorido, ao estilo das séries produzidas para o Canal Warner (CW), aprontaram patetadas com os últimos filmes do Shazam, Mulher Maravilha, e Flash. O que vimos foi, simplesmente, a queda em parafuso de um universo de heróis que nas HQs era fantástico, mas nos cinemas, se tornou irreconhecível.

Liga da Justiça (2018), de Zack Snyder

Agora, estamos às voltas com James Gunn, o ex bam-bam-bam que fazia os Guardiões da Galáxia da Marvel, e depois se bandeou para o lado da DC, vindo a se tornar o seu novo chefe. Ele, agora, produz a nova versão de Superman, com David Corenswet como o paladino azul da capa vermelha, com previsão de lançamento para o ano que vem, e promete um retorno do herói ao seu conceito original, como símbolo da justiça, da esperança, e até mesmo do bom humor. É isso aí, Gunn.

Que volte, afinal, a ser super novamente.



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sexta-feira, 1 de março de 2024

O TAL APAGÃO DA INTERNET

E aí, como vai a sua internet? Vai bem, obrigado? Espero que sim. 

Nos últimos meses, ruidosos rumores tem assombrado nossas vidas virtuais sobre um iminente blackout de conectividade, tanto mundial quanto por aqui, em nossas pradarias brazucas. Será que este pode ser um dos últimos textos que você vai ler antes de ter que voltar ao esquema vintage de 'rádio/TV/ revistas e jornais de papel', além da conversinha normal no telefone? 

Correntes de conspiração e fake news tratam de alardear esse cataclisma. Mas o que há de realmente VERDADE em todo esse falatório? Vamos lá.

Sobre a história de "tempestades solares", que no caso afetariam a internet em boa parte do globo terrestre, podemos nos acalmar. Exageraram na coisa. A começar pelo site no Brasil que primeiramente publicou uma reportagem, em outubro do ano passado, sobre isso - o Metrópoles, com umas tais afirmações do pesquisador Peter Backer, da Universidade George Mason (Virginia, EUA), de que fenômenos no Sol poderiam afetar as ondas e demais telecomunicações terrestres.

De antemão, muito cuidado com o que você lê no Metrópoles. É uma dessas mídias que, de vez em quando dá umas, digamos, "amarronzadas" no que publica. E depois que eles espalham, um monte de outros sites vem, e replicam essas informações. Tem hora que são sérios? Tem. Mas tem hora que é melhor ficar com um pé (ou os dois) atrás, em relação ao que postam.

Tempestades solares são relativamente comuns, e a probabilidade de realmente afetarem os sinais de conectividade em nosso planeta são baixas. O ciclo solar registrado para esse início de ano inclusive, pela National Oceanic and Atmosphere Administration (NOAA), órgão de estudos científicos dos EUA que monitora atividades climáticas, se encontra menos ativo do que o de anos anteriores. Portanto, em relação a isso, não há motivo para pânico.

Analisemos agora o que ocorre aqui no Brasil. E aí sim, os temores se tornam um pouco mais fundados.

O Governo do Ceará tem, desde o ano passado, um projeto para construção de uma das maiores usinas de dessalinização de água marítima do mundo, em Fortaleza, mais especificamente na região da Praia do Futuro, local onde chega um grande backbone - ou enlace de cabeamento, com 17 cabos que interligam a internet de países de fora com a nossa, se constituindo em um dos maiores hubs de sistemas óticos submarinos do mundo (fica atrás apenas de outro, localizado em Marselha, na França). 

Praia do Futuro, em Fortaleza (CE)

O projeto do governo cearense é ousado, e inegavelmente benéfico para a população, pois geraria um aporte de 35% a mais de água para o consumo humano, no Estado do Ceará. Entretanto, segundo o Ministério das Telecomunicações e diversas operadoras de banda larga e entidades mantenedoras de data centers corporativos, traz grandes riscos de danificar a estrutura de cabos que passa por baixo da água na Praia do Futuro. E que traz cerca de 99% do sinal de internet que transita em nosso país. Ou seja, praticamente tudo.

Estrutura de cabeamento submarino de internet

A construção deveria começar agora já, em março de 2024. Mas o barulho se alastrou tanto, e o embate entre governo estadual e federal mais operadoras ficou tão forte, que o governo do Ceará está sendo obrigado a readaptar o projeto. O Ministério das Comunicações alega que a obra deveria ser feita em outro local, mas o governo cearense diz que não há mais como transferir o projeto para outra área. As operadoras e data centers começaram a entrar com processos para embargar a obra, pois um pequeno dano em algum dos cabos poderia levar dias, ou semanas, para ser consertado, e reduziria drasticamente a velocidade da rede em todo o país. O governo cearense afirma que já reajustou o projeto para afastar os dutos de captação da usina para mais de 500 metros de distância dos cabos da internet (no projeto original, eles estavam a apenas 40 metros de distância). O governo brasileiro e as operadoras batem o pé, e afirmam que ainda assim há riscos. 

E essa briga é feia, vai longe, e nós ficamos aqui, só observando.

Elon Musk

Mas confessa aí: você é dessas pessoas que, numa situação dessas de apagão, sofreria demais da conta? Tem ranger de dentes, gastura, e agonia se ficar sem internet? Pode haver uma solução, e ela vem de cima.

Isso não é uma propaganda, não estou ganhando nada, mas tão somente uma alternativa para quem uma hora precise: já ouviu falar daquele sistema mundial de links de internet via satélite do malão do Elon Musk, mega-bilionário empresário do ramo das tecnologias e foguetes espaciais, e parça da Nasa? É o sistema de redes da Star Link, e já está presente no Brasil e em diversas partes do mundo. Acesse aqui para dar uma olhada.

Modelo de satélite da Star Link

No site, te mostram um mapinha onde você pode visualizar se a sua localização tem a oferta de sinal ativa e disponível, e oferecem várias possibilidades de planos para contratar uma internet que vem lá do espaço sideral, direto para o local onde você está, no globo terrestre. Você recebe um kit com a anteninha, roteador, e as instruções para pegar o sinal deles, e assim sendo, não precisa de cabos vindos de operadora, nem nada mais. Para o Brasil, as velocidades oferecidas ainda são moderadas - dependendo da área escolhida, geralmente, não ultrapassam os 300 mega, pois a malha de satélites que cobrem a nossa região ainda está em expansão. Mas muito melhor do que nada, né?

Antena para captar o sinal da Star Link

A internet é uma realidade irreversível, e veio para ficar, assim como a energia elétrica. Portanto, os rumores, por piores que sejam, vão acabar sempre cedendo para a inevitabilidade dessa realidade: não se preocupem, sempre vai ter um jeito de se conectar... Boa navegada!  


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O NATAL DE LENNON (e um belo aniversário...)

Mais um ano que vai chegando ao fim, mais uma vez aquele clima natalino que, para alguns nem tanto, mas para muitos, pode ser uma chance de ...